Companhia dispunha de milícia, afirma pesquisador

O professor Nelson Dacio Tomazi, do departamento de Sociologia da UEL (Universidade Estadual de Londrina), numa entrevista à Folha de Londrina, em 1997, cujos dados foram extraídos de sua tese de doutorado, comprova que a Companhia de Terras Norte do Paraná dispunha de milícia armada particular para expulsar caboclos e posseiros de suas terras.
Ele disse ter encontrado registros de depoimentos colhidos pela pesquisadora Ana Yara Lopes, numa tese apresentada na USP, que comprova a ação de uma polícia interna nas terras da Companhia.
Segundo os registros encontrados por Tomazi, funcionários do governo do Estado que trabalhavam na região confirmam que “a polícia particular da Companhia frustrava qualquer tipo de permanência de caboclos ou posseiros em suas terras”. Tomazi disse na entrevista à Folha que registros feitos pelo historiador Jorge Cernev, defensor da política de colonização da Companhia, confirmam que “os posseiros encontrados foram removidos”. O pesquisador lembra que, para Cernev, esse “saneamento” promovido pela colonizadora evitou maiores conflitos por disputas de terras no Norte e Noroeste do Paraná.
Outros depoimentos históricos encontrados por Tomazi contestam essa ocupação pacífica defendida por Cernev. Um deles é o livro “História de Cornélio Procópio”, no qual o pesquisador Átila Silveira Brasil relata constantes tiroteios e confrontos entre posseiros e jagunços. “A questão das terras no Norte do Paraná não é uma questão pacífica, como alguns querem afirmar”, concluiu.

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