De malas prontas

De José Luiz Boromelo:
De acordo com alguns “entendidos” no assunto, o fim do mundo está próximo, mais precisamente no dia 21 desse mês. Seremos pulverizados do mapa, sem direito a choro nem vela. A forma como isso vai acontecer ninguém sabe ao certo. Nem mesmo aqueles que previram essa hecatombe final. O assunto é comentado nas rodas de conversas e cada um tem sua versão dos fatos que estariam por vir.
Muitos opinam que o fim do mundo seria na forma de uma terrível colisão com um asteroide errante, não identificado pelos satélites que orbitam a Terra e diuturnamente vasculham a imensidão do espaço sideral em permanente vigilância. Outros mais céticos garantem que o final dos tempos dar-se-ia com uma revolta drástica e repentina dos elementos da natureza, em que vendavais inimagináveis acompanhados de chuvas torrenciais e terremotos com intensidades nunca vistas devastariam todas as inúmeras formas vida do globo terrestre, inclusive as que habitam as profundezas dos rios e oceanos. Nem as obras de arte como pontes, viadutos, barragens e construções de aço resistiriam à fúria descomunal da profecia que supostamente se avizinha. Já alguns arriscam no palpite que o momento final viria com uma descarga anormal de energia solar emitida pelo astro-rei, que simplesmente provocaria a incineração imediata de todo ser vivo, deixando um rastro de desertificação na superfície terrestre.
Em quaisquer das hipóteses aventadas (se porventura isso um dia realmente acontecer), saberemos com a devida antecedência. Já temos tecnologia suficiente para identificar com segurança alterações significativas no clima e no Sol ou mudanças de rota de quaisquer corpos celestes que vagueiam pelo Universo. Portanto, deixemos essa preocupação inútil de lado e continuemos a cuidar dos problemas do nosso cotidiano, que não são poucos. Porque ninguém tem o poder de prever o futuro. E quem o faz, conta com a ingenuidade e a ignorância alheia para difundir suas ideias visionárias. Então meu amigo Herculano, pode desfazer a mala, que sua hora ainda não chegou…
_____________
(*) José Luiz Boromelo, escritor e cronista

Advertisement
Advertisement