Aposentadoria bolivariana de Requião

Por Fernando Tupan:
O senador Roberto Requião (PMDB) é um seguidor das doutrinas de Hugo Chávez e um crente no ‘Socialismo do Século XXI’, pajelança ideológica inventada pelo defunto caudilho venezuelano. Assim como Chávez, Requião também repudia o ‘mercado’, o ‘neoliberalismo’ e o “culto ao capital” que marca as sociedades ocidentais. Na prática, no entanto, o “anticapitalismo” do senador é bem seletivo. Quando se refere a próprio capital ele não abre mão de um tostão, exige juros e correção.
Em abril 2010, esquecido das críticas que fazia a aposentadorias diferenciadas, Requião requereu e recebeu a aposentadoria de ex-governador. O benefício foi suspenso em 2011 pelo governo do Paraná que seguiu o entendimento do STF sobre esse tipo de aposentadoria especial. Na segunda-feira passada (3) Requião teve acolhido, pelo Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, um mandato de segurança para voltar a receber a aposentadoria. Na quarta-feira (5), apenas dois dias depois, o senador entrou com um requerimento para “liberar quantias retidas” para receber 15 meses (de junho de 2011 a agosto de 2012, desde então, até maio, vinha recebendo a pensão por força de liminar), pede que sejam depositadas 361.764,30 (15 vezes R$ 24.117,62). Solicita ainda que os valores sejam depositados “devidamente corrigidos em minha conta pessoal”. Requião já recebeu R$ 554.705,26 em aposentadorias de ex-governador e está cobrando o depósito de mais 361.764,30, acrescidos das devidas correções e dos juros.
Requião costuma ser um crítico ácido do “mercado”. Atacou com virulência a mudança da política do Banco Central de aumento dos juros, que considerou uma rendição ao “neoliberalismo” que só beneficiaria os “rentistas” que, segundo sua retórica, são “parasitas sociais”. Em 1990, na disputa pelo governo do Paraná, carimbou no adversário o título de “marajá” por conta da aposentadoria de ex-governador que recebia. A “denúncia”, repetida milhares de vezes, destruiu o adversário.
Em 2013, Requião, que pretende ser candidato novamente a governador em 2014, embolsa R$ 26,7 como senador (sem contar verbas de gabinete, salários extras, jetons), mais R$ 24,1 mil, a título de aposentadoria de ex-governador, mais R$ 4,1 mil do INSS. O que soma, sem contar as vantagens, um total de R$ 54,1 mil.
Em 3 anos, apenas como governador aposentado (contando o que já embolsou e o que vai embolsar com a decisão judicial), Requião levará R$ 918.000,00. É uma quantia que um trabalhador que ganha o salário mínimo de R$ 678,00 levaria 112 anos para acumular.

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