Cana põe Paraná na vanguarda industrial

Apresentação 1
Embora a colheita mecanizada avance, a cana ainda gera milhares de empregos no Paraná e é uma das principais referências agrícolas do Estado

Texto Airton Donizete
Fotos Flamma Comunicação

Não foi por caso que a colheita nacional de cana foi lançada este ano em São Pedro do Ivaí (a 80 quilômetros de Maringá, no noroeste do Paraná). Na ocasião, esteve presente o governador Beto Richa (PSDB), que lançou o programa Caminhos do Desenvolvimento Sucroalcoleiro. O objetivo é melhorar a infraestrutura nas estradas rurais entre as áreas de plantio da cana de açúcar até as usinas de processamento. Numa parceria entre o Estado e o setor produtivo, serão investidos R$ 300 milhões no setor até 2016. “Com este programa vamos dar competitividade à produção paranaense”, afirmou Beto Richa na solenidade em São Pedro do Ivaí. “É o governo agindo de forma decisiva na consolidação de um Estado forte e competitivo”.
O Paraná é o quarto produtor de cana do País, com cerca de 610 mil hectares de área plantada e uma produção anual em torno de 37 milhões de toneladas. Previsões apontam para uma produção de 39,7 milhões de toneladas no Paraná na safra 2013/2014. O setor movimenta R$ 16 bilhões por ano no Estado.

Empregos
A cana gera 65 mil empregos diretos e 500 mil indiretos no Estado, embora cada vez mais os produtores prefiram a colheita mecanizada por falta de mão de obra no setor. A maioria dos cortadores de cana vem do Nordeste. Eles ficam longe da família gerando problemas sociais. “Para se adaptar à colheita com máquina, o plantio precisa ser modificado, o que vem ocorrendo gradativamente no Estado”, afirma o superintendente da Associação de Produtores de Bioenergia do Paraná (Alcopar), José Adriano da Silva, 62, que congrega as 30 indústrias do setor no Estado.
Metade da cana produzida no Paraná é destinada à fabricação de açúcar; a outra parte ao etanol. No ciclo 2012/2013 foram produzidas 3,1 toneladas de açucar no Estado; no mesmo período, 1,3 bilhão foi o volume produzido de etanol. Para Adriano, o aumento do percentual de etanol na gasolina, de 20% para 25%, animou os produtores. “A tendência é que mais cana seja utilizada na produção de etanol”, diz.
Outra fonte de renda da cana é o bagaço, cujo destino é a geração de energia elétrica. Por ano, as unidades do Estado geram em torno de 1 milhão 280 mil megawatts/hora. Este percentual pode aumentar com a utilização da palha da cana. “Inclusive na Estadofabricação do etanol, que hoje é extraído apenas do caldo da planta”, acrescenta Adriano.

Exemplos
Bons exemplos vindos da cana não faltam na região. Desde abril de 2012, a Cooperativa Agrícola Regional de Produtores de Cana de São Carlos do Ivaí (Coopcana, a 56 quilômetros de Maringá, no noroeste do Estado), aproveita bagaço da cana para gerar energia. A empresa formou uma parceria com a Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL).
A Coopcana está entre as primeiras do País na fase de construção a ser certificada por normas internacionais. Com obras bastante adiantadas, a CPFL vai inaugurar em breve sua estação de cogeração de energia elétrica construída ao lado da cooperativa Coopcana.
O volume de energia gerado será suficiente para abastecer uma cidade de 160 mil habitantes. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) já autorizou a empresa a atuar como produtora independente de energia elétrica. A CPFL investe R$ 160 milhões no projeto.
A Coopcana é protagonista de outra iniciativa inédita no Paraná. Desde 2011, seus 2,5 mil cortadores de cana são associados de um banco de crédito. Em vez de pegar o cheque na usina e correr para trocá-lo no comércio da cidade, utilizam cartão de crédito. Acabaram a correria e o risco de guardar o dinheiro em casa e ser roubado.

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Cortadores de cana da Coopcana se tornaram associados de um banco de crédito

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