Morre um personagem de Maringá

Vendedor
Certamente, você, que mora em Maringá, já passou muitas vezes pela esquina entre a rua Joubert de Carvalho e a travessa Júlio de Mesquita Filho, ao lado da praça Raposo Tavares. Reparou que ali existia uma barraquinha? Pois é, aquele senhor vendia frutas nela desde 1972. Fluminense de Itaperuna (RJ), Juvencil Aurélio Pereira, 82 anos, chegou a Maringá em 1950. De tanto ouvir falar naquela região próspera, resolveu conhecê-la. Veio, gostou e ficou.
Em Maringá, fez de tudo um pouco, gostava de dizer. Porteiro de hotel, ajudante em cozinha de cantina, corretor de imóveis. Mas o que lhe deu algum dinheiro foi a barraquinha de fruta. “No tempo em que não tinha supermercado, eu vendia 100 quilos de melancia e umas 10 caixas de maçã por dia”, contou. Pereira dizia conhecer todo mundo que faz ponto na praça Raposo Tavares e observou a transformação que ocorreu lá nos 40 anos em que permaneceu no local. “Antes, aplicavam muitos golpes principalmente por vigaristas que vinham de outros estados”, recordou. “Mas sem violência física, tudo com muita lábia”. Apenas uma vez diz ter presenciado o assassinato de um rapaz por causa de cachaça na esquina na qual ficava seu carrinho. Mas, segundo ele, nos últimos anos, aumentaram os problemas no local. “As encrencas acontecem mais à noite, quando já fui embora”, disse. Seu trabalho ia das 6 às 17h30. Apesar dos contratempos, as frutas lhe renderam uma casa para morar e duas de aluguel. Patrimônio que lhe permitiu sustentar os três filhos e a mulher, que morrera há 14 anos. “Não fossem os gastos com doença na família podia ter até mais bens”, avaliou. Infelizmente, fiquei sabendo pelo amigo Jeremias Puliquezi, que Juvelino morreu no último dia 7.

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