Falando sério

rizzoDe Luiz Carlos Rizzo:
Para milhões de brasileiros, dói, mas dói muito a forma humilhante com que o Brasil perdeu para a Alemanha, ficando de fora da final da decisão da Copa Mundial do Futebol em sua própria casa, no próximo domingo.
Mas, convenhamos. Em primeiro lugar, a maioria dos órgãos de comunicação – por uma estratégia mercadológica para aumentar audiência e venda de impressos – não deveria criar um clima de excessivo ufanismo. Ao criar enorme expectativa, contribuiu – de forma maléfica – para tremenda frustração neste momento.
Faltou à mídia – especialmente para o circo montado pela Rede Globo – um pouco mais de realismo porque, cá entre nós, a seleção brasileira empolgou em qual jogo? Ganhar da Croácia por 3 X 1 não foi mais do que obrigação. Contra o Chile, o Brasil venceu nos pênaltis e por mérito do goleiro Júlio Cesar. Nas demais partidas, fez a lição de casa sem empolgação ou convencimento.
O que fazer agora? Enxergar com realismo que a seleção brasileira é de qualificação futebolística mediana que, em momento decisivo, não demonstra o menor controle emocional.
E o mais importante depois do “Mineiraço” imposto pelos educados, cordiais, respeitosos e muito competentes alemães. O futebol não possui influência direta em nossas vidas. Nós sabemos de tudo sobre os nossos “craques”. Eles nem sabem que nós existimos individualmente.
Vamos ser realistas. Precisamos dormir bem nesta noite porque amanhã acordaremos e teremos que trabalhar com eficiência e responsabilidade. Nossa jornada diária – em todas as áreas – em nada será alterada depois do vexame diante dos alemães. Nosso emprego, saúde, vida amorosa e projetos de curto, médio e longo prazo continuarão inalterados.
Então, vamos combinar assim. Depois da dor (brevíssima) da decepção pela profunda reversão de expectativas, vamos continuar nossas vidas conforme vínhamos conduzindo até agora. Não dá para trocar a frustração provocada pela seleção brasileira de futebol pelas tantas coisas boas que temos pela frente. E nem pelos desafios que enfrentaremos nos dias, meses e anos que nos esperam.
Resumindo: embora importante, foi apenas uma partida de futebol que em nada – absolutamente nada – vai (e nem deve) influenciar nossas vidas. O principal jogo que continuamos a disputar é o de manter nossa vida sob controle, com qualidade, paz e equilíbrio. Mesmo porque, nossa vida é muito, muito mais importante do que um, dois, três, quatro, cinco, seis ou sete gols tomados pela seleção brasileira. Então, bola pra frente.
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(*) O autor é jornalista, historiador e cronista

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