Baianidade ou baianismo

Petrolina-Juazeiro
Estive recentemente em Petrolina (PE). A cidade faz divisa com Juazeiro (BA) através do rio São Francisco. Juntas são os maiores exportadores de frutas e segundo maior polo vitivinicultor do Brasil. A gerente do hotel onde fiquei tem 26 anos e chama-se Geralda. Perguntei se o pessoal daqui tem preferência por Petrolina ou Juazeiro e recebi a seguinte resposta: veja essa historia aí e tire sua própria conclusão. Minha família morava na zona rural de Petrolina e quando eu fui nascer minha mãe quis que eu nascesse na Bahia, em Juazeiro. Veio de carroça até Petrolina e quando foi atravessar a ponte de acesso à Bahia viu que estava interditada (tinha ocorrido o roubo de um banco na cidade e os ladrões haviam levado vários reféns; esse fato foi divulgado pela mídia nacional, pois o bispo à época era dom José Rodrigues de Souza, que se ofereceu para ser trocado pelos reféns. Logo após o roubo a polícia foi acionada e fechou todas as saídas da cidade, inclusive a ponte). Assim não havia como mamãe atravessar o rio e ter sua filha na Bahia. Ela não teve dúvida: foi de carroça até a beira do rio, apanhou um barquinho, atravessou o São Francisco, pegou outra carroça e foi ao pronto-socorro parir a filha na Bahia, seu estado natal e de coração. Terminado o parto fez o caminho de volta e criou a filha em Petrolina. Quando mamãe soube do roubo e na condição de católica fervorosa achou o gesto do bispo tão louvável que deu o nome dele à filha recém-nascida. No final tudo acabou bem; os reféns do assalto foram libertados, Geralda veio para Petrolina onde fez faculdade e hoje é gerente de hotel. Disse que está feliz por morar em Petrolina, mas sempre que pode atravessa o São Francisco e vai comer um acarajé na barraca da Ana na sua terra natal, Juazeiro da Bahia. É assim que os baianos chamam sua cidade… para diferenciar de Juazeiro do Norte no Ceará.
Gilberto Pavanelli

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