A violência nossa de todos os dias

agressao
Ilson Aparecido dos Santos, 41, está sendo velado na Capela do Prever da avenida Pedro Taques, no Jardim Alvorada, e deverá ser sepultado hoje. Ele morreu ontem, na Santa Casa, onde se encontrava internado desde que foi vítima de agressão cometida por um empresário e seu filho. Ilson era paciente de hemodiálise, naquele mesmo hospital, havia anos. Em 26 de setembro ele estava numa oficina, na avenida Sophia Rasgulaeff, aguardando o conserto de seu carro, por conta das fortes chuvas daqueles dias, quando na Tapeçaria Tuiuti, que fica nas proximidades, o dono, Claudinei, e seu filho, Mike, estouraram uma bomba, causando grande barulho. Ilson, que não colocava medo em ninguém por conta do físico e da hipoglicemia, foi tomar satisfações e acabou apanhando muito da dupla da tapeçaria; teve trauma grave na face. Quando a família do agredido foi questionar o ocorrido, o agressor mais novo, que disparou dois chutes no rosto de Ilson e o colocou desacordado, teria dito: “Quer me processar? Vá em frente? Quer minha carteira de identidade? Pego ela pra você. Vou ser diplomado policial civil nas próximas semanas e você acha que a polícia vai fazer alguma coisa contra mim? Deixa de ser tonto e vá pra casa”. Ontem, ao saber da morte de Ilson, Claudinei fechou a tapeçaria e teria fugido.
Portador de transtorno bipolar, Ilson, na madrugada de 14 de janeiro de 2010, tocou fogo em sua residência, no Jardim Diamante, após uma briga com a mulher, no dia anterior. Abriu um botijão de gás, encarchou os móveis da casa com a gasolina que estava em sua motocicleta e trancou-se num quarto, onde chegou a injetar doses maciças de insulina em sua barriga. A polícia usou gás de pimenta e armou-se de balas de borracha para contê-lo, mas, apesar dos familiares terem tentado o diálogo, ele riscou um palito de fósforo e a casa foi completamente destruída.
Fotos André Almenara

Advertisement
Advertisement