Um modelo a ser questionado

De João Vitor Cruzoletto:

conselhotutelarSinceramente não gosto desse tom de campanha eleitoral para Conselho Tutelar.  Me parece que incorre nos mesmos erros que as candidaturas convencionais para vereadores, deputados, presidentes. Não sei, algo me soa muito estranho quando vejo a foto dos candidatos nos carros. Me parece ser um trampolim para algo maior dentro da política. Sem contar alianças políticas que se forjam nesse contexto. Acredito, essa é a minha leitura, que o cargo de conselheiro tutelar é muito mais técnico que político. Gosto muito de comparar o conselheiro tutelar a um defensor público. São atores sociais fundamentais dentro do sistema de garantia de direitos e esse vício da politicagem me preocupa. De forma alguma estou contestando o caráter democrático que se pretende dar a questão. Agora, de que forma essa votação vai se traduzir em uma maior compreensão e participação da população nas políticas dos direitos da criança e do adolescente. Boa sorte a todos meus amigos candidatos ao cargo de conselheiros tutelares!!!!! (comentário feito dia 10/09/2015 – facebook)
Mais uma vez questiono esse “modelo democrático” que se pretende adotar na escolha dos conselheiros tutelares. Os vícios da “politicagem” presentes, desde santinhos jogados no chão à promoção pessoal dos candidatos. Campanhas e alianças questionáveis de norte a sul do Brasil, que podem comprometer o debate e a defesa dos direitos da criança e do adolescente. Que tipo de comprometimento se espera com aquele eleitor que é a favor da redução da maioridade penal (por exemplo) e vota no seu representante à conselheiro tutelar? E aquele candidato engajado, que não tem o carisma necessário ou não dispõe de verbas financeiras para uma ampla campanha, será taxado de incompetente com a sua “não eleição”? Volto a frisar, a meu ver a função de conselheiro é mais técnica que política. Está ali para fazer cumprir os direitos da criança e do adolescente. Vai cobrar da família, do Estado e da sociedade. Agora como vou cobrar algo de quem me elege? São situações muito estranhas e não vejo relação da eleição com uma maior democratização do Estatuto da Criança e do Adolescente. Lamentável o rumo que o Conselho Tutelar possa estar tomando em nosso país. Aqui parabenizo aquelas pessoas que foram eleitas e as que não foram. O critério da eleição está aquém da importância política e social desse trabalho!!!
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(*) João Vitor Cruzoletto é sociólogo/mestre em Ciências Sociais

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