Projeto que dá nome a posto de saúde deve ser vetado

UBS Zona 7

Os vereadores de Maringá – todos os 15 – cometeram um crime recentemente ao aprovar um projeto de lei, apresentado em regime de urgência e que não passou pelo crivo de nenhum dos servidores pagos com dinheiro dos nossos impostos para opinar pela legalidade dos atos legislativos, dando o nome do monsenhor Bernardo Cnudde à unidade básica de saúde que está em fase de finalização, na rua Bernardino de Campos.
Não bastasse o projeto ser flagrantemente ilegal (a lei proíbe duplicidade de homenagens em próprio público, e a 200 metros dali existe uma praça com o nome do padre), há um quê de imoralidade e indecência na ‘homenagem’. 
Para entender, basta olhar para a foto que mostra a fachada do posto de saúde: ela está pronta, com a denominação comum a todas as UBSs construídas em Maringá, ou seja, tem o nome do bairro. Esta será a UBS Zona 7, um dos maiores bairros de Maringá.
Nenhum outro posto de saúde recebeu nome em Maringá, a não ser o do bairro que atende, e se o prefeito Carlos Roberto Pupin (PP) não vetar o projeto, e os vereadores depois não tomarem chá de arrependimento para manter o veto, será aberto um precedente perigoso, pois além de se pisar na legislação todos os postos de saúde vão ganhar nomes de sabor político-eleitoral.
Há um ingrediente em toda essa suposta ‘homenagem’ a um religioso já homenageado com o nome de uma praça na paróquia onde trabalhou: padre Bernardo nunca mexeu uma palha para que a Zona 7 tivesse um posto de saúde. Isto é fato conhecido de muitos moradores que há anos reivindicavam a UBS. Mesmo em reuniões em que o assunto foi tratado ele sequer enviava representante da Igreja. Ou seja, mesmo que houvesse permissão legal para dar seu nome, fazer isso seria contrariar toda a história do bairro em torno da reivindicação do posto.
Sabe-se que o projeto dando o nome do padre Bernardo ao posto de saúde não partiu da Igreja Católica. O articulador foi o vereador Belino Bravin (PP), com o amém dos outros 14.
Lembra muito Assassinato no Orient Express, de Agatha Christie; neste caso, cada vereador deu sua facada na lei.

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