Um dos últimos de uma geração

walber

Ao comentar a morte de Ferrari Junior, o empresário Walber Guimarães Junior (foto), que em 1992 disputou a Prefeitura de Maringá, disse que ele foi um dos últimos representantes da geração de políticos que se não elegeram porque eram ricos nem ficaram ricos porque se elegeram.
“Ferrari Junior, parceiro, amigo e “dobradinha” do meu pai, Walber Guimarães, desconheceu em sua carreira política as palavras traição e negociata, que atualmente frequentam cada capítulo das histórias políticas contemporâneas”, escreveu.

E continuou: “Elegeu-se por conta do esforço da amizade com lideranças políticas de nossa cidade e de nossa região, na época em que os amigos “vestiam” a camisa de seus candidatos. Coordenei, ainda muito jovem, a campanha de ambos, por duas vezes, e sou testemunha que Ferrari não precisou “comprar” um único voto, inclusive porque isto lhes seria impossível.
Walber elegeu-se Federal morando em uma casa simples no Mandacaru e Ferrari, estadual, residindo próximo ao antigo “Castro Alves”, no Maringá Velho. Ambos em casas de madeira e circulando com carros modestos, fato impensável na política atual onde todos os deputados ou são milionários ou negociaram os votos de sua base eleitoral com um “trem pagador”.
Quando analiso as campanhas de nossos deputados percebo o quanto eles fazem falta.
Não há um único federal que tenha “investido” menos de 3 milhões e nenhum estadual com gastos inferiores a 1,5 milhão. Talvez existam mentirosos que contestem estes valores.
Os orçamentos de suas campanhas, em 78 e 82, equivaliam a custo de um carro de padrão médio, algo hoje em torno de 60 ou 70 mil reais. Isto lhes permitia exercer o mandato com dignidade. Não havia pressão para recuperar o “investimento”.
E mesmo no governo, jamais houve alinhamento automático com os então governadores José Richa e Álvaro Dias. Deputado era respeitado por sua liderança e jamais atropelado, por sua subserviência, como os atuais.
Um fato como este da Sanepar, que humilha os maringaenses, teria a imediata reação dos deputados e a cobrança enérgica e não o silêncio covarde e a omissão revoltante de nossos representantes. Talvez isto permita aos mais novos entender o que era ser deputado e o que é ser “lobista” com mandato.
Ferrari, um apaixonado pelo nosso Grêmio, foi digno e deixou orgulhoso cada um de seus eleitores.
Uma bela carreira política e uma bela história de vida. Fica seu exemplo, para a eternidade. Descanse em paz, amigo”.

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