Cobrando para fotografar

Parque do Japão

Leitor conta que sua filha casou-se no último sábado. Casamento só no cartório, sem festa.
Após a cerimônia o casal foi tirar umas fotos no Parque do Japão e ficou surpreso quando soube que teria que pagar R$ 400,00 para usar o espaço que achavam que era público – e onde, por sinal, não se cobra para entrar.

“Tentamos indagar que se tivéssemos visitando poderíamos tirar fotos como em outro parque público, mas os funcionários informaram que era assim mesmo e que no Parque do Ingá também se cobra. Como cobrar por tirar foto de um lugar público e ainda neste valor? O fotógrafo cobrou R$ 250,00 para fazer o casamento todo. Será que é legal essa cobrança?”, questiona.
O funcionário da Oscip que toca o Parque do Japão não falou a verdade: o Parque do Ingá é 100% público e não se cobra nada. O Parque do Japão, embora mantido com dinheiro do imposto do leitor, pode cobrar graças ao ex-prefeito Silvio Barros II (sem partido).
O ímprobo, secretário de Planejamento do Paraná, para resolver uma pendenga particular na comunidade nipo-brasileira, deu a ideia de se fazer o parque, e aproveitou para ajudar um ex-conselheiro de sua campanha eleitoral de 2004.
O ex-prefeito investiu milhões de reais públicos no Parque do Japão, além de maquinários, equipamentos e funcionários públicos; chegou inclusive a tirar emendas parlamentares destinadas a revitalizar a Catedral de Maringá para colocar no parque japonês.
Depois de construir o Parque do Japão com dinheiro público ele simplesmente entregou sua administração a particulares.
O contrato firmado entre a Prefeitura de Maringá e a Oscip prevê 30 anos de duração e repasses mensais de R$ 44 mil do IPTU do maringaense para a Oscip. Só este ano a prefeitura vai entregar R$ 528 mil ao Parque do Japão.
No total, R$ 13 milhões 200 mil serão repassados até 7 de maio de 2044 à organização que cuida do local, que ainda fatura alugando as instalações para eventos e, no caso do leitor, cobrando para se tirar fotografias dentro do que foi construído e é mantido com recursos públicos,
Os cordeirinhos dos maringaenses não reclamaram à época. A maioria das entidades representativas também estão representadas na administração, há CCs ligados ao Legislativo e até ao Judiciário, de modos que todos fingimos que aqui é o paraíso… e pronto.

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