À deriva

senado

Por José Luiz Boromelo:

O tempo fechou na sessão da comissão de impeachment do Senado. Dois senadores bateram boca e quase foram às vias de fato, não fosse a pronta intervenção dos presentes.
O senador Lindbergh Farias (PT/RJ) chamou o colega Ronaldo Caiado (DEM/GO) de mentiroso, por conta de uma suposta publicação na imprensa de que o Palácio do Planalto estaria apagando dados e arquivos do governo federal para dificultar um possível governo de Michel Temer. Caiado chamou Lindbergh para repetir “lá fora”, numa clara menção de que as diferenças seriam resolvidas mesmo na base da violência. O barraco ignorou a transmissão ao vivo, mostrando a verdadeira face de nossos parlamentares.

Quando querem e quando resolvem defender seus interesses, pode-se esperar de tudo dessa gente. Como seria então esse hoje castigado País, se nossos representantes se portassem costumeiramente dessa forma, digamos, por demais enfática, se porventura (utopia pouca é bobagem…) colocassem os interesses da coletividade em sua pauta diária de trabalho? Se mostrassem apenas um décimo da eloquência que apresentam nessas comissões recheadas de holofotes e câmeras por todo lado, ao apresentarem projetos que contemplem os interesses da maioria da população, que promovam o crescimento da economia, que garantam a todos os direitos elementares preconizados na Carta Magna? Quão diferente seria essa nação sofrida e esfolada continuamente, se nossos parlamentares tivessem o mínimo de consideração e respeito com os menos favorecidos na vida, os que sofrem com maior intensidade as agruras de um desgoverno criminoso, incompetente e paquidérmico, cujos objetivos (agora temos a certeza disso) foram os de privilegiar os amigos do rei? São todos, absolutamente, farinha do mesmo saco. Hoje quase se engalfinham, amanhã estarão confraternizando num restaurante luxuoso.
Perdi completamente as esperanças de que um dia, a ética e a dignidade possam ser companhias fiéis daqueles que receberam nosso aval nas urnas. O baixo nível que impera nessa classe desprestigiada reserva a todos os brasileiros, dias difíceis, com ou sem o atual vice na presidência. É tempo de apertar os cintos e rezar (para os que ainda têm fé) clamando pelo fim da tormenta, esperando que todos cheguem ilesos em terra firme. Então, só resta ao cidadão remar para frente e ignorar os balanços da embarcação. Quem sabe, com um pouco de sorte, sairemos dessa enrascada!
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(*) José Luiz Boromelo, escritor e cronista
(**) Foto: Pedro França/Agência Senado

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