Morre a atriz Silvanah Santos

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A atriz Silvanah Santos, um dos principais nomes do teatro paranaense, que estava radicada em São Paulo, faleceu na noite de ontem. Nos últimos meses vinha lutando contra o câncer.
Silvanah tinha 60 anos. O corpo está sendo velado no Cemitério Municipal São Francisco de Paula e o enterro será às 17 horas.

Integrante da Cia. de Teatro Os Satyros, a partir de 1990 – um ano após a companhia fundada por Ivam Cabral e Rodolfo García Vásquez iniciar suas produções em São Paulo –, a atriz também atuou no Teatro de Comédia do Paraná (TCP), do Teatro Guaíra. Com Os Satyros desenvolveu um trabalho que durou cerca de seis anos na Europa, sendo Lisboa a sede da companhia. Voltou ao Brasil no início de 2000.
Nascida em Apucarana, Silvanah Santos ainda criança, gostava de encenar com os irmãos e primos no quintal de casa, “à sombra das árvores”, como disse em depoimento. Aos 7 anos assistiu a uma montagem com texto de Agatha Christie, e logicamente não entendeu nada.
“Eu era muito pequenininha, sentei na cadeira e os meus pés não alcançavam o chão. Mas achei aquilo que me falaram que era teatro, o máximo.” Mais tarde viria a participar de montagens amadoras.
Mudou-se para Curitiba em 1984, onde ingressou num curso livre de teatro, no Teatro Guaíra. Em 1985 prestou vestibular para o Curso Superior de Artes Cênicas; formou-se em 1988. Porém, como se diplomara em Direito pela Universidade Estadual de Londrina, exercitou a advocacia por breve tempo – abandonou a carreira ainda incipiente em 1987.
Na peça de formatura, A VorazCidade de Paris, apanhado de textos de Ionesco, Harold Pinter, Tennessee Wiliams, Artaud e García Lorca, Silvanah entrava em cena dirigindo uma moto: a marca da ousadia estava presente.
Com Os Satyros fez sua estreia na polêmica A filosofia na alcova, de Marquês de Sade, em 1990, cuja primeira temporada aconteceu no Guairinha, em Curitiba. Em São Paulo a temporada estendeu-se por um ano.
Em 1992, Silvanah participou das montagens do TCP: Tiradentes – o herói da liberdade, de Benjamim Santos, direção de Luthero Almeida; O carrasco do sol, de Peter Schaffer, direção de Oraci Gemba e Antígona, o calvário da princesa alucinada, de Gilson de Moura, também com direção de Luthero Almeida.
“Não foi uma montagem pela qual me apaixonei”, diria anos depois. Deixou o elenco para a remontagem de A filosofia na alcova, em Lisboa. Silvanah licenciou-se do trabalho e foi a Portugal. A peça fez enorme sucesso, sendo posteriormente levada a outros países europeus, em inglês. O projeto inicial de dois meses iria se transformar em seis longos anos.
Entre outras montagens da atriz com os Satyros estão De Profundis, de Ivam Cabral, Sappho de Lesbos, de Ivam e Patrícia Aguille, Divinas palavras, de Ramom Del Valle-Inclán, Os Cantos de Maldoror, do Conde de Lautréamont, Electra, de Ivam Cabral, (onde Lala Schneider fazia o papel de mãe da personagem de Silvanah. “Eu adorava”, disse ela.) A peça rendeu-lhe o primeiro troféu Gralha Azul. O segundo viria com Quinhentas vozes, de Zeca Corrêa Leite.
Os últimos anos de Silvanah foram dedicados a produções de filmes, em São Paulo, atividade que ela exerceu longe dos palcos, junto de seu parceiro Wladimir Castro. (Zeca Corrêa Leite)

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