A dois passos do paraíso

Grêmio

Por Nelson Alexandre:

Você sabe o que é ter um desejo que há muito tempo estava adormecido (12 anos) e de repente consegue vê-lo perto de se concretizar? Eu sei… E eu sei do que estou falando.
Estou falando de satisfação pessoal, que, aos poucos, está se transformando numa satisfação coletiva. Estou narrando uma história de um “morto-vivo”, que vive, e vivo deixa para trás toda uma trajetória de humilhações, infortúnios, desconfianças, risos e, sobretudo, o esquecimento.

Tentaram imitá-lo. Roubar suas cores. Seu clássico. Só faltava o mascote. Mas nada deu certo. E olha ele aí, na beira do paraíso, a dois passos de retornar à elite do futebol do Paraná. Eu, particularmente, sou um entusiasta de “causas perdidas”, daquilo que, pela lógica, deveria estar sepultado com uma enorme pedra cobrindo seu túmulo, sem perspectivas de nenhum Galileu estar passando pelo norte do Paraná e querer dar uma força… Estender o pensamento sobre o moribundo e fazê-lo levantar-se sob o olhar da multidão atônita e incrédula. Mas, acreditem, estar perto é tão bom quanto já estar, porque aquela sensação que há muito tempo mantinha-se inerte, sem vida, volta a trafegar pelo estômago e coração de tanta gente que ainda se emociona e têm esperança.
O Galo canta novamente no horizonte da cidade canção, e deste estrondoso canto, que sai do fundo da terra… Do limbo solitário da arquibancada contendo apenas uma fração de sua histórica e incomensurável torcida, as cores da tradição, da originalidade, reverberaram de dentro do Estádio Willie Davids para os ouvidos de seus torcedores, e a chama divina roubada dos deuses do esporte, incendiará os músculos e a habilidade de cada atleta, surgindo, assim, a fonte da vida futebolística, novamente, em uma simples frase: O Grêmio Maringá vive!
O Galo convoca todos os torcedores que não acreditavam mais que ele retornaria: os vendedores ambulantes, os incrédulos, os duvidosos, os saudosos, os malucos, aqueles que eram apenas fotos em preto e branco num lugar da parede da casa, e até mesmo, os inimigos, para que vejam que das cinzas, quando se quer e se deseja profundamente, dela surge matéria orgânica imbuída em reformular uma nova história viva e permanente.
Segunda feira, dia 16 de maio, às 20 horas, no velho palco de paixão e poesia, no centro do coração da Maringá, vamos juntos ver o Grêmio Maringá, o Galo do Norte, recomeçar sua magnífica história no cenário do futebol paranaense, afinal, são apenas dois passos para o paraíso. Dois passos para esquecer os doze anos ausentes do amor de sua torcida, vendo nascerem e morrerem algumas amantes lascívias querendo tomar o seu lugar.
Eu tenho de confessar que sou um entusiasta de “causas perdidas” e de retornos inesperados. De uma certa purgação masoquista, que, agora, vai se abrindo feito botão de rosa, para exalar o cheiro do júbilo e da vitória que tanto andavam ausentes. Que tanto foi conclamada como uma oração e respondeu ao chamado daqueles que jamais o abandonaram… Dale… E Dale Galo:

PEQUENA ORAÇÃO PARA O GALO GUERREIRO
E mesmo que atravessem, o céu, os raios
Ou pesadas gotas de chuva sobre o manto alvinegro
Ou mesmo o sol castigando a pele e o campo
Eu estarei contigo no choro e no canto

Por mais que não queiram a sua vitória
Haverá esperança em fartura, horizonte e glória
Olhares de reprovação serão enterrados
Pois juntos somos fortes e amados

Não tema, Galo Guerreiro!
Pois aqui é o seu terreiro
Lute com bravura e sem medo

Dias de dificuldade virão
Mas sob a proteção divina
Não há dúvida e nem má sina
Há batalha
Há amor
Mesmo que difícil seja a trajetória
Teu caminho será repleto de vitórias.

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