Estou vivo por ter reagido

Cezar Lima

Por Cezar Lima:

No último sábado o Brasil inteiro ficou indignado com a tentativa de assassinato da apresentadora Ana Hickmann, da TV Record. Não fora o ato de coragem do cunhado da apresentadora, que se atracou com o assassino armado, muito provavelmente Ana e os demais estariam mortos.
Esse episódio me faz relembrar atentados contra minha vida – de autoria já conhecida, feitos a mando de um ex-prefeito de Marialva, Celso Martini.

Nos dois atentados, só sobrevivi por ter reagido – fato esse, que nunca é recomendado por gestores de segurança. Mas o instinto de sobrevivência é o que determina a nossa forma de reagir. No meu caso, esse instinto, foi determinante à minha sobrevivência. E no meu caso, aconteceu assim: Dia 4/12/1997 por volta das 19 horas dois homens adentraram às instalações do Jornal de Marialva. Um deles, apontando e encostando um “38” na minha cabeça e outro chutando a minha perna, ordenava: “deita, deita, deita”. Raciocinei rápido: se deitar, me matam no chão e aí, instintivamente, agarrei o braço do homem armado, dei-lhe uma “chave de braço”, a arma caiu ao chão e, ante a minha reação, os meliantes cataram a arma e saíram correndo e, na correria, dispararam tiros em minha direção, sem me acertar. Fugiram em um Monza que os aguardava com o motor ligado. Dia 13/12/97 sofri novo atentado e este bem mais grave: no mesmo local nas instalações do Jornal de Marialva, eu lá estava revisando e finalizando a edição de Natal. Nesse dia, à tarde, passou um senhor e vendeu-me um “colchonete” – “muito bom para descansar as costas”, disse-me o vendedor. Depois, um amigo, o Rantin, levou-me maracujás para suco e aí à noite, perto das 23 horas, fiz belo suco, tomei e fiquei sonolento. Lembrei do colchonete, desenrolei e coloquei em cima de um sofá e resolvi tirar uma soneca e cochilei. Acordei ouvindo explosões e vendo bolas de fogo: haviam colocado fogo no prédio e eu estava já bem queimado e no meio do fogo! E aí o instinto de sobrevivência falou mais alto e reagi; peguei o colchonete, atravessei as chamas e busquei refúgio em cima da patente do banheiro – onde dois dias antes pedi para me instalarem um chuveiro, que nunca tinha usado. E pela graça de Deus, aqui estou escrevendo estas linhas. Em casos de sobrevivência, igual ao da cunhado da apresentadora Ana Hickmann, igual ao meu caso e a de outros conhecidos, temos que agir e reagir. Assim penso, assim recomendo.

Advertisement
Advertisement