Nardi é acusado de assédio moral, arrogância e desmandos

Trecho da carta do ex-diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Fábio Mesquita (foto), ao deixar o cargo, sobre o maringaense Antonio Carlos Nardi, hoje o segundo homem mais importante do órgão:

Já não era tarefa fácil suportar os desmandos de Nardi durante este último ano de minha gestão – pelo constante assédio moral dirigido aos trabalhadores do SUS; pela arrogância de, mesmo sem formação adequada, ou sensibilidade necessária, portar-se como se fora um profundo conhecedor de um campo tão vasto quanto a Vigilância em Saúde; e pela deselegância, no trabalho; de seu constante uso de gritos e xingamentos, por vezes destinados a funcionários de menor posição.

Conduta evidentemente inadequada particularmente a alguém que ocupa cargo tão relevante no serviço público, e que está à frente de um setor que prima, entre outras coisas, pela promoção dos Direitos Humanos. Há hoje incontáveis exemplos de suas frases memoráveis circulando pelos corredores do Ministério da Saúde. Em uma das reuniões do Colegiado de Diretores da SVS, contrariado com um dos Diretores que buscou apoio do Gabinete do Ministro para solucionar um problema que ele se negou a resolver, bateu na mesa e com uma palavra de baixo calão, se disse o dono da SVS para espanto de todos.
Essas posturas inadequadas, no entanto, são detalhes, diante de seu mais recente arroubo de truculência. Enquanto o ministro estava em Genebra, Nardi, atuando interinamente, despachou um documento proibindo a participação do diretor ou de qualquer outro funcionário, consultor ou colaborador do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde no Encontro de Alto Nível das Nações Unidas em HIV/Aids, que será realizado entre os dias 8 e 10 de junho, em Nova York. Trata-se de um importante encontro sobre Aids, e sobre o que fazer para garantir o controle da epidemia de Aids até 2030, meta dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, do qual o Brasil é signatário.
Em 31 anos de existência formal da resposta brasileira à epidemia de Aids, essa será a primeira ausência dos técnicos que trabalham com o tema em um fórum tão crucial, se esta sandice prosperar.
Os ataques de Antônio Nardi à política brasileira de DST, de Aids e de Hepatites Virais foram incontáveis ao longo desse último ano, no entanto, até o presente momento, eram sempre superados através da intercessão da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde ou do próprio gabinete do Ministro. Por esse motivo, muitas dessas tentativas de ataque e retrocessos passaram quase que imperceptíveis aos que estão de fora do Ministério da Saúde, mas foram motivos para muito desgaste, stress e desânimo por parte da equipe à frente do Departamento.

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