Copel, pura enrolação

Copel

Por José Luiz Boromelo:

A propaganda é chamativa e bastante criativa, idéia reforçada quando se ouve “Copel, pura energia”. Exibem um roteiro típico dos que tencionam vender sua imagem beirando à perfeição, tentando mostrar uma eficiência que não possuem (até já pode ter acontecido, em outras épocas).
Hoje, definitivamente, não é mais unanimidade. Falo isso como consumidor insatisfeito, diante das recorrentes falhas no fornecimento de energia elétrica.

Eu e mais alguns proprietários rurais de determinada região de Marialva, que esperam um mínimo de eficiência na prestação de serviços de uma empresa, ainda mais quando essa se utiliza da mídia para sua autopromoção. Antes de parecer apenas mais um desabafo rabugento contra uma estatal que (em tese) goza de plena credibilidade da sociedade, é o meio que encontrei para protestar contra a má qualidade nos serviços da Copel ultimamente. De nada adiantaram meus argumentos para as atendentes do 08005100116 de que precisava de atendimento com certa urgência, por conta das incubadoras sem energia há horas. Resultado: tudo perdido, pois a instalação de uma fonte de energia elétrica alternativa se torna inviável para o pequeno produtor (que procura agregar rendimentos com a criação de pequenos animais), em função dos elevados custos de aquisição. Também não vale a desculpa de que nesse dia específico as rajadas de vento ultrapassaram os 50 km\h, porque qualquer mudança no tempo já é o suficiente para a interrupção de energia.
Certamente a empresa encontrará motivos dos mais variados possíveis para justificar a ausência de uma equipe na propriedade em tempo hábil (porque mais de 10 horas sem energia é o fim da picada) a fim de averiguar as causas da pane. Tal como a instabilidade do clima (ventos fortes, raios, chuva, etc…), talvez o acúmulo de chamadas ou outra explicação qualquer, classificados como prioritários perante minhas necessidades imediatas, que foram colocadas em segundo plano. Assim como as atendentes, que trazem na ponta da língua as opções do consumidor, excluindo-se, obviamente, aquela alternativa que haveria de solucionar o problema (“senhor, sua solicitação já foi registrada, estamos enviando uma equipe” ou depois de duas horas “senhor, o desligamento é uma proteção ao sistema, aguarde o atendimento”). Sempre tive a curiosidade de folhear os manuais de equipamentos elétricos, onde vez ou outra me deparo com a frase “utilizar uma fonte de energia confiável”. E a constatação é a de que a Copel passou a ser uma fonte não confiável, pois é a segunda vez na semana que o problema ocorre (o evento anterior, que durou pouco mais de 60 minutos teve consequências bem menores). Esses fatos mostram que o consumidor está à mercê da boa vontade dessas empresas (notadamente com relação às estatais, mas a coisa anda feia também na área da telefonia). Penso que isso acontece porque as estatais (como Copel e Sanepar) mantêm o monopólio em suas respectivas áreas, uma vez que o consumidor final não encontra opções de escolha na prestação de serviços específicos.
Só me resta agora esquecer de vez esse lamentável episódio. Uma vistoria técnica na rede elétrica também seria recomendável (para efeito de desencargo de consciência), mesmo ciente de que as causas da interrupção do fornecimento são externas. Mas fica aqui registrado meu desapontamento com a empresa, que deixou de atender a uma solicitação de seu cliente (o que não seria nenhum favor e sim uma obrigação), que de uma maneira ou de outra, é a razão de sua existência. Até que se prove o contrário, pelo menos na concepção de um leigo no assunto, a Copel hoje é pura enrolação. Com a palavra, a “dona” da “pura energia” paranaense.
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(*) José Luiz Boromelo, agricultor, escritor e cronista

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