A voz do povo

votação

Por José Luiz Boromelo:

No dia 2 de outubro o eleitor tem encontro marcado com um de seus maiores compromissos democráticos: as eleições municipais.
Nesse dia as urnas estarão preparadas para registrar a vontade maior da população, materializada em ações contínuas e efetivas que, em tese, haveriam de nortear cada dia do mandato de nossos políticos.

Como era de se esperar, a primeira parte do script, aquela que toca ao cidadão, geralmente é cumprida sem maiores percalços, mesmo porque tudo está simples demais.
O aviso sonoro ao se finalizar a votação é característico e informa que, naquele momento, a democracia foi estabelecida, conforme afirmam repetidamente os “experts” de plantão, incluindo-se nesse vastíssimo e heterogêneo rol os cientistas políticos, os candidatos, seus correligionários, apadrinhados, simpatizantes, interesseiros e outros mais. Uma multidão de gente que defende com unhas e dentes determinados posicionamentos, talvez até sem se dar conta de que, na maioria das vezes, o empenho poderá ser em vão. É só assistir por alguns minutos o horário eleitoral gratuito veiculado em rádio e TV. Quando os candidatos não trocam acusações mútuas, perdem seu tempo com promessas das mais esdrúxulas possíveis, menosprezando sem pudor algum a inteligência do eleitor. É sabido que não existem milagres factíveis quando o assunto é administração pública, pelo fato de que todas as ações são delimitadas pela Lei de Diretrizes Orçamentárias do município, a que todos os administradores estão submissos.
Como a população dedica a maior parte de seu tempo disponível para honrar seus compromissos e garantir a subsistência (além de sofrer com a incompetência e a desonestidade de seus representantes), é natural que o interesse pelas eleições seja diminuído ou colocado em segundo plano. É aí que entram os “especialistas” de plantão, alardeando baboseiras e teses de todo tipo, tentando colocar a culpa naqueles insatisfeitos que, por um motivo ou por outro, se mostram reacionários ao assunto. Esses brasileiros desencantados com nossa política suja e corporativista são classificados como analfabetos políticos, quando deixam de comparecer às urnas, ou no momento em que votam em branco ou anulam o voto (como qualificar então os eleitores de municípios com candidatura única?). Esquecem-se (ou fingem ignorar) os doutos letrados em política, geralmente posicionados confortavelmente atrás de um microfone ou de um holofote, que os políticos brasileiros ultimamente estão completamente desacreditados perante a opinião pública, por conta dos escândalos bilionários envolvendo parlamentares. Isso afeta toda a classe, de vereadores a presidente da república. É de fácil constatação a incapacidade dos legisladores municipais por todo o País, quando avaliados no quesito produtividade. São pródigos em elaborar projetos de lei para dar nome a praças, ruas, escolas e outros, mas se mostram relapsos ao extremo quando o assunto é o interesse maior da população. Legislar e fiscalizar seria o suprassumo das atividades dos distintos edis, mas nem isso eles conseguem com um mínimo de eficiência. Essa condição atinge também chefes dos executivos municipais, que, em tese, haveriam de ter o preparo necessário para conduzir com competência os destinos de um município.
O eleitor tem o tempo necessário para estabelecer suas opções de acordo com sua consciência, sem atropelos nem qualquer tipo de pressão. Portanto, que cada um cumpra com seu dever cívico escolhendo seus representantes com responsabilidade. O voto é e sempre será, na mais perfeita acepção da palavra, a legítima voz do povo.
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(*) José Luiz Boromelo, escritor e cronista em Marialva/PR

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