Sete motivos por que apoio Ulisses Maia

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De Homero Marchese (PV), o vereador mais votado de Maringá:

Me elegi vereador com uma proposta de fiscalização e independência e vou cumpri-la à risca na Câmara, seja quem for o prefeito. Não tenham qualquer dúvida disso. Também tenho absoluta convicção de que parte dos meus eleitores escolheu ou pode escolher outro candidato a prefeito e não vejo qualquer problema nisso. Estamos em uma democracia. Mas meu partido, o Partido Verde, indicou o professor Edson Scabora para vice-prefeito de Ulisses, ajudou-lhe a ir ao segundo turno e hoje está prestes a vencer a eleição. Com a sinceridade de sempre, quero lhes dizer por que fizemos essa escolha. As reflexões servem inclusive como resposta a diversas pessoas que me pedem para explicar meu voto.

1- A MENSAGEM CERTA: Ulisses e outros candidatos à Prefeitura enfrentaram uma coligação formada por 15 partidos, com a metade do tempo total de tevê e com 160 dos 260 candidatos a vereador. Tamanha concentração de poder não foi conquistada à toa. Tamanha desproporção de forças nunca fez bem à cidade alguma, e a situação em Maringá chegou a níveis alarmantes. Somos vistos no Estado com um feudo político, e não por bons motivos. Temos representantes que foram eleitos menos por seu talento e capacidade do que por uma máquina política alimentada por dinheiro e troca de favores. Inverter esse raciocínio fará bem para a cidade. Não por acaso, essa eleição tem sido vista por muitos como a oportunidade de dar um grito de libertação.

2- QUEM MANDARÁ SERÁ O PREFEITO: Para quem admira nossos últimos mandatários, e há muita gente que o faz (e com boas razões para tanto), o constrangimento é evidente. Nós sabemos quem manda na cidade, quem escolhe os secretários e quem decide o destino político de cada um. Precisamos eleger um prefeito que de fato comande Maringá. Isso não é certo apenas do ponto de vista moral, como terá um enorme efeito pedagógico e libertador. Deixar ir também é um ato de amor. Que a vontade das urnas seja uma grande oportunidade a quem perder as eleições para reavaliação do que realmente importa na política. Coragem e independência têm um preço alto, fazem o caminho ficar mais difícil, mas costumam ser recompensadoras.

3- ALTERNÂNCIA DE PODER: Doze anos no poder é tempo demais. Mesmo em bons grupos, o desgate é natural e evidente – imagine em grupos ruins. Brigas internas passam a ser frequentes, o gás termina, a acomodação aumenta. Já percebeu como conseguimos reparar bem no que está de errado com os outros, mas não na nossa própria casa? Pois bem, isso também acontece na política. A democracia se rejuvenesce com a alternância de poder. Quando algumas pessoas começam a se achar indispensáveis, é porque está na hora de mandá-las para casa. Que façam um longo processo de depuração e voltem melhores da próxima vez.

4- TRANSPARÊNCIA: Quem sabe o que acontece em Maringá sabe o que acontece em Maringá. Não dá mais. As pessoas não aguentam mais. A propósito, tenho notado com surpresa e satisfação como o assunto, cada vez mais, é tratado às claras e com despreendimento nos principais círculos da cidade. As pessoas simplesmente perderam a paciência. É preciso construir uma prefeitura mais transparente, e tenho absoluta certeza de que isso somente se fará com mudança.

5- RESPONSABILIDADE FISCAL: Se há alguém preocupado com isso, sou eu. Vimos bem no que degenera o populismo. Quem administra uma cidade não pode se preocupar em agradar determinado grupo, por mais barulhento que seja, mas deve se preocupar com todo mundo. Isso significa manter as contas da cidade em ordem e manter a capacidade de investimento. Servidores públicos e trabalhadores da iniciativa precisam entender que estamos todos no mesmo barco. Nesse assunto, minha independência na Câmara será ainda mais sentida. A grande crítica à proposta de Ulisses era a concessão de vale-alimentação aos servidores do Município. Os opositores afirmavam que isso poderia quebrar a prefeitura. A crítica deve ser enterrada agora que a coligação do 11 não só prometeu a concessão do vale, como diversos outros benefícios aos servidores públicos. A polêmica, portanto, parece terminada. Mas façamos uma pequena conta aqui de como se poderia melhorar a remuneração dos servidores sem aumentar a despesa pública e, ao mesmo tempo, moralizar a Prefeitura. Imaginemos a concessão de um vale-alimentação de R$ 100,00 para os cerca de 12 mil servidores da Prefeitura. Não estou propondo isso, mas imaginemos. O impacto no orçamento será de aproximadamente R$ 15 milhões ao ano. Ora, esse valor praticamente equivale à metade que a Prefeitura gasta hoje com seus inacreditáveis 400 comissionados. Ou seja, basta cortar o instrumento de cooptação política pela metade (e eu acho que se deve cortar muito mais), para melhorar a remuneração dos servidores, e tudo sem geração de reflexos remuneratórios ou de aposentadoria (porque o vale-alimentação no serviço público não gera esses efeitos).

6- RELAÇÃO COM O PT: Esse ponto também é muito caro pra mim. Reflitamos: se há alguém com relação com o PT na política da cidade é o grupo político que manda em Maringá há 12 anos. Ricardo Barros foi vice-líder de Lula e Dilma na Câmara dos Deputados e, assim, teve atuação decisiva nos dois governos. O Partido Progressista (PP) não apenas deu forte sustentação ao governo do PT, como comandou junto com o partido e o PMDB o esquema do petrolão. Não sou eu que estou falando, é Rodrigo Janot, procurador-geral da República, são os procuradores da Lava-Jato. Jogar o PT no colo do Ulisses por ele estar no PDT tem sido a tática mais utilizada pelos opositores. Ulisses filiou-se ao PDT no final do ano passado porque foi um dos únicos partidos que resistiu ao ataque de quem queria ganhar as eleições antes de ela ocorrer (nosso PV foi outro). Não tenho rigorosamente nenhuma simpatia pelo PDT nacional, mas gosto dos membros do partido aqui. Além disso, ainda não dá para ter candidatura avulsa no país. Então é colocar na balança: vamos com quem sempre deu sustentação ao governo que destruiu o país ou vamos com quem se recusou a deixar de lutar pela prefeitura de Maringá?

7- A ARTE DO POSSÍVEL: Não coordeno a campanha de Ulisses, não ratifico todas as suas ideias (sou mais liberal que ele, por exemplo), não gosto de gente que têm declarado apoio a ele, e certamente não compactuarei com nada que ele fizer de que não gostar. Não tenho compromisso com o erro. Mas a política é a arte do possível. Se eu estivesse esperando as condições perfeitas para entrar na política, estaria fora dela até hoje. Ou fazemos o possível, dando os passos que podem ser dados, ou ficamos de fora.

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