Sim: é hora de mudança

mudanca

Por Nelson R. S. Flag:

Nesta eleição nos acostumamos a ver o candidato da situação afirmar, de forma maçante e sem nenhum pingo de modéstia, que deve ser eleito porque é o que tem mais experiência na administração da cidade, pois já fez grandes obras e teria organizado as finanças municipais.
No entanto, a realidade pode e deve ser vista de outro ângulo. No período da sua gestão, entre 2005 e 2012, o Brasil e o mundo viveram um período de fabuloso crescimento na economia, bem diferente da crise enfrentada no final da década de 1990 e começo dos anos 2000.

Aliás, a gestão 2001/2004, além das condições econômicas precárias da época e da dificuldade causada pela doença e morte do Prefeito José Cláudio, antes do meio do mandato, ainda enfrentou outro problema que impede qualquer comparação como o candidato Silvio, invariavelmente, costuma fazer: recebeu a prefeitura saqueada, sem dó nem piedade, por um monstruoso esquema de corrupção e, obviamente, não se recuperaria em poucos anos.
Mas, retornando as gestões Silvio, é notório que a economia global bombou exatamente no período de ambas, tendo o Brasil obtido crescimento por anos seguido e alcançando a incrível marca de 7,53% no ano de 2010. Naturalmente, sobrou dinheiro em todas as esferas de governo (federal, estadual e municipal). Com isso, proporcionou-se a oportunidade de fazer grandes obras e colocar as contas em dia, até mesmo para quem não fosse um grande gestor público.
Recorde-se que na mesma época Lula terminou seu mandato com aprovação de mais de 80% e elegeu o poste Dilma quase sem fazer esforço.
Assim, o discurso de excelência na gestão administrativa e fiscal, martelado no horário eleitoral da TV e por seus cabos eleitorais nas ruas, se esvai quando percebemos que a atual gestão Pupin, criada e avalizada pelo candidato Silvio e seu irmão (o chefe de fato de ambos), enfrenta grandes dificuldades para entregar as grandiosas obras prometidas na última campanha; quase não consegue pagar a data-base dos servidores municipais no ano de 2016; tem deficit de vagas nas creches; tem filas enormes nas consultas especializadas; entre outros problemas.
Ora, não há como fugir do óbvio, se há mais facilidade para administrar na época de bonança, certamente as coisas se tornam difíceis em tempos de crise como a que o país vem atravessando nos últimos anos, o que leva a conclusão de que não existe o tal modelo barros infalível de gestão, o qual se pretende impor como verdade absoluta aos eleitores.
Existe uma outra contradição no discurso do candidato que se autodenomina como o mais experiente, ou o único com capacidade para governar a cidade, como vem se buscando incutir desde o primeiro turno. Teria ele se esquecido que quando foi eleito prefeito pela primeira vez, lá no longínquo ano de 2004, ele não tinha ocupado nenhum cargo público eletivo e não tinha a mínima experiência na vida pública? Teria então a população errado em dar-lhe a chance de administrar a cidade naquela época? A resposta, pelo menos do ponto de vista do candidato Silvio, acredita-se, só pode ser negativa.
Então, por que não se poderia dar uma oportunidade para alguém como Ulisses que, apesar de não ter ocupado o cargo de prefeito, já transitou por vários cargos públicos na administração municipal e, pelo que demonstram seus antecedentes judiciais, sem ter deixado nenhuma mácula? Não estaria o candidato Ulisses em melhor condições que o candidato Silvio de 2004?
Vejam só outro detalhe: não seria fantástico ter os Barros na oposição? Sim, com absoluta certeza. Afinal de contas, os Barros só sabem viver de política e, certamente, farão de tudo para tentar voltar ao poder daqui 4 anos, fazendo uma oposição fortíssima, o que será ótimo para a cidade, que já não sabe mais o que é isso há décadas.
Certamente, a pressão para que Ulisses acerte será muito grande e ele sabe que terá que governar errando o mínimo possível. Até porque, como vimos neste último pleito, a reeleição já não é mais tão certa como era há tempos atrás, sendo exemplos disso Curitiba e São Paulo.
A mudança é necessária e será saudável para a cidade. Não a tal “mudança” falada na campanha de Silvio que não passa de uma fórmula acintosa (repetida em 2009 e 2012) de retirar o discurso da oposição e confundir o eleitor.
Neste ano, o Brasil está mudando de forma traumática, após a população ter exigido nas ruas o fim de um governo comandado por um grupo político que ficou 14 anos no poder. Não custa lembrar que os partidários e admiradores desse governo não se cansavam de repetir que era o melhor governo que já tinha existido no país.
Não devemos cair no mesmo erro. A campanha do candidato da situação se diz responsável por tudo que foi construído na cidade. A megalomania fica exposta quando ele diz que asfaltou a “cidade inteira”. Assim como para o PT o Brasil tinha sido descoberto em 2003, para os Barros, Maringá começou em 2005. Ora, uma injustiça com a própria família que já teve outros dois prefeitos.
Mas a injustiça maior se comete com os pioneiros e os atuais moradores da cidade que são quem realmente construíram e continuam construindo tudo o que existe em Maringá. Nenhum prefeito tirou dinheiro do bolso para melhorar a cidade. Foi a população honesta e trabalhadora, pagando seus impostos, que gerou as riquezas que possibilitaram fazer da cidade o que ela é hoje.
Maringá merece novos tempos. Tempos mais democráticos, com mais gente tendo oportunidade de opinar e decidir os rumos da cidade, e não sempre os mesmos que se reúnem num famoso escritório da Zona 7, aquele que recentemente se descobriu ser sede de mais de duas dezenas de empresas.
Maringá merece uma gestão mais limpa e técnica, sem loteamento de setores da administração para partidos e tantos cargos comissionados desqualificados que, na maioria das vezes, só servem para entregar santinhos no fim do expediente ou serem flagrados pedindo propina.
Maringá merece uma administração sem tantas ações judiciais, investigações e contratos suspeitos.
Maringá merece mais respeito por parte dos moradores de outras cidades do Paraná e do Brasil, para deixar de ser ridicularizada ao ser conhecida como uma cidade que tem dono ou que é dominada pela família de um coronel há décadas, quase um “Maranhão do Sul”.
Maringá merece a mudança verdadeira.
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(*) Nelson R. S. Flag ama Maringá e se preocupa muito com o futuro da cidade

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