De Cícero Cattani:

Se ó céu azul é de brigadeiro, o mar revolto não é para almirante. Lá de cima, sobre as nuvens, o ex-senador e duas vezes derrotado ao governo Osmar Dias não tem uma ideia exata do que se passa aqui em baixo, ao se auto proclamar candidato à sucessão de Beto Richa, em 2018. Nem vislumbra o que virá pela frente.

Na primeira vez, levou um chapéu de Roberto Requião. Na outra, foi a vez de Beto Richa lhe passar a perna.Nas duas ocasiões, Osmar Dias demorou muito a se lançar candidato.Agora, acredita que está pronto para concorrer com chances de vitória. Como fazendeiro que é, Osmar, finalmente, aprendeu o que ensinava o velho boiadeiro: quem chega antes, bebe água limpa.
– Nunca antes na história da sucessão estadual o céu esteve assim do jeito que os brigadeiros gostam – azul claro, sem nuvens, sem previsão de tempestades e com quase nenhum tráfego. É assim que o enxerga o ex-senador Osmar Dias (PDT), que esta semana se auto lançou candidato à sucessão de Beto Richa em 2018, sem ver no horizonte desafiantes de peso”, comenta o Celso Nascimento. que participou do encontro de jornalistas, no Dia dos Finados Cristão, promovido por Osmar Dias.
Osmar aparentou tranquilidade – conta Nascimento – quanto às suas chances de, após duas tentativas frustradas de decolagem (2006 e 2010), enfim aterrissar no Palácio Iguaçu. Diz que o silêncio a que se impôs nos últimos seis anos, período em que ocupou uma vice-presidência do Banco do Brasil, lhe fez bem.
Neste período, aviões de carreira ficaram capengas ou, no mínimo, tornaram-se menos operantes na concorrência com Osmar:

• O irmão, senador Alvaro Dias, está decidido a disputar a Presidência, o que significa que não se repetirá em 2018 o fraternal embate em torno de um mesmo objetivo eleitoral como ocorreu no passado.
• A família do ministro Ricardo Barros se desidratou nas eleições municipais: o irmão Silvio perdeu em Maringá para um pedetista, Ulisses Maia, apoiado por Osmar; e a filha Maria Victória teve desempenho abaixo do esperado na disputa pela prefeitura de Curitiba. Com isso, a mulher, a vice-governadora Cida Borgheti, perdeu vitamina para disputar o governo, ainda que venha a sentar na cadeira de Richa nos nove meses finais da gestão se o governador decidir candidatar-se ao Senado.
• Ratinho Jr. (PSD), que poderia fazer sombra a Osmar, já estaria mais inclinado a disputar o Senado e não o governo, como sonhava.
Lá fora, era só chuva forte e trovões. Nem os raios foram suficientes para desviar Osmar do seu raciocínio linear. Um homem simplório, é claro, também tem direito a voar mais alto, além, muito acima de chuvas, raios e ventanias, e sonhar alto.
Corre o risco, contudo, de esperar sentando pelo cavalo encilhado, pronto para ele montar. Seus antigos inimigos estão à espreita. Se Osmar comemora a derrota do clã Barros para um candidato do PDT, em Maringá, embalado pela solidão do vazio político que acredita existir, não lembrou que o seu candidato à reeleição Gustavo Fruet teve uma votação pífia.
A banda que toca no Iguaçu está mais afinada do que nunca. Esse pessoal foi capaz de fazer de um candidato mais qualificado para Rei Momo o prefeito do maior colégio eleitoral do estado.