Penso, logo existo

Descartes

Até pouco tempo, antes de me conhecer pessoalmente, um amigo costumava se dirigir a mim dizendo “Akino Maringá”, se é que existe. Algumas vezes respondia com frase título desta postagem. Se uma coisa que faço muito em minha vida é pensar. Penso muito e procuro pensar bem. Falar nem tanto e outro amigo diz que nem falo bem, mas pensar, penso e acho que está faltando pensar mais, para muito gente.

Se pensasse um pouco mais, teriam evitado muitas ‘besteiras’. A propósito, encontrei aqui e sempre com a ressalva de não saber se é autêntico, reproduzo o texto, que serve para pensarmos um pouco mais: ‘De há muito tinha notado que, pelo que respeita à conduta, é necessário algumas vezes seguir como indubitáveis opiniões que sabemos serem muito incertas, (…). Mas, agora que resolvera dedicar-me apenas à descoberta da verdade, pensei que era necessário proceder exactamente ao contrário, e rejeitar, como absolutamente falso, tudo aquilo em que pudesse imaginar a menor dúvida, a fim de ver se, após isso, não ficaria qualquer coisa nas minhas opiniões que fosse inteiramente indubitável.
Assim, porque os nossos sentidos nos enganam algumas vezes, eu quis supor que nada há que seja tal como eles o fazem imaginar. E porque há homens que se enganam ao raciocinar, até nos mais simples temas de geometria, e neles cometem paralogismos, rejeitei como falsas, visto estar sujeito a enganar-me como qualquer outro, todas as razões de que até então me servira nas demonstrações. Finalmente, considerando que os pensamentos que temos quando acordados nos podem ocorrer também quando dormimos, sem que neste caso nenhum seja verdadeiro, resolvi supor que tudo o que até então encontrara acolhimento no meu espírito não era mais verdadeiro que as ilusões dos meus sonhos. Mas, logo em seguida, notei que, enquanto assim queria pensar que tudo era falso, eu, que assim o pensava, necessáriamente era alguma coisa. E notando esta verdade: eu penso, logo existo, era tão firme e tão certa que todas as extravagantes suposições dos cépticos seriam impotentes para a abalar, julguei que a podia aceitar, sem escrúpulo, para primeiro princípio da filosofia que procurava. (René Descartes, in ‘Discurso do Método’)
Akino Maringá, colaborador

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