O sonho de ser PM, um depoimento
Depoimento recebido pelo blog sobre a seleção de candidatos à Polícia Militar, realizada recentemente em Maringá (houve muita reclamação quanto ao intenso calor por ocasião das provas):
Meu nome é Eder Vinícius Malheiro, tenho 27 anos, sou residente em Paranavaí, casado, pai de dois filhos (Gustavo 6 anos, Arthur 1,5 ano), sou vendedor em uma loja de materiais de construção há aproximadamente 2 anos. Em 1995, retorno de São Paulo com minha mãe e irmã após a separação de meus pais, indo morar com minha avó materna e meu tio Wanderlei dos Santos Ferreira hoje cabo (em curso para se tornar sargento) da Polícia Militar do Paraná. Passei muitos e muitos anos me espelhando na imagem dele como bom profissional, tendo ele como exemplo, adorava ir até o 8º Batalhão (Paranavaí) ver as formaturas, achava tudo muito impressionante, eu com um sonho de um dia poder ser como ele, e ele me dando força e exemplo para que eu pudesse seguir essa carreira (PM). Com o passar dos anos fui amadurecendo essa ideia, até que em 2009 tive minha grande oportunidade com a abertura do concurso público para a Polícia Militar; não tive muito tempo pra me preparar conforme o que queria, mas o pouco que consegui foi o bastante para fazer 28 pontos e se classificar e posteriormente ser convocado no dia 12 de janeiro do corrente ano para realizar a prova física que fui fazer essa semana, dia 30, no Estádio Willie Davids em Maringá a partir das 13h, mas mesmo me preparando pra valer, e em 18 dias conseguir perder 9 quilos na minha preparação – que contava com academia das 5h30 às 7h e à noite das 18h30 até as 20h todos os dias – não foram o bastante para que eu ficasse 100% mas eu estava empenhado em fazer de tudo para conseguir passar. O grupo no qual fiquei foi o 5º e último da parte da tarde, ficamos das 12h30 até 17h30 esperando para fazer as provas. Muitas pessoas começaram a passar mal pois além de estar vária horas sem comer o calor era excessivo, mas bem, consegui fazer o shutle run na primeira tentativa em 10,57 segundos, e ao ir para a prova da barra ficamos aproximadamente 20 minutos debaixo de um sol escaldante todos suando muito, ouvindo atentamente as explicações sobre a prova, mas tinha um PM (acho que tenente) que começou a se destacar, parecia que estava selecionando os candidatos de boa aparência, pois como estávamos suando muito ficava difícil segurar na barra sem escorregar, e em alguns casos mesmo começando a série ele deixa a pessoa (de sua escolha) descer e secar a barra para continuar, mas infelizmente no meu caso ele invocou comigo e não deixou que eu secasse. Tentei (mesmo pendurado na barra) trocar a posição das mãos mas por mais que eu tentasse não conseguia me firmar; pedi novamente para o avaliador verificar como estava molhada a barra mas ele não deu atenção talvez por eu não ter a estatura que ele queria (um pouco acima do peso), e ficou o tempo todo me desmotivando para eu descer do equipamento e assim zerar a pontuação. Algumas pessoas que tiveram o mesmo problema até desistiram de fazer a terceira prova, que era a corrida de 2.400 metros, mas eu mesmo desmotivado e muito revoltado fiz questão de mostrar para a pessoa que queria me prejudicar que eu não estava ali de brincadeira e sim pra realizar o sonho de estar na profissão que sempre sonhei. Por isso vos escrevo para que possa estar analisando muitas vezes não somente o potencial físico, mas sim a idoneidade e caráter das pessoas que saíram de suas casas deixando o emprego e familiares e muitas vezes sem comer para ir até o local da prova e lá ter que passar por uma humilhação, afinal se eu quisesse passar por uma situação dessa tinha ido prestar concurso na polícia do Rio de Janeiro pra entrar pro Bope.