Duas passagens sobre livros

A história dos livros descartados pela Secretaria de Cultura de Silvio Barros II e Carlos Roberto Pupin, esta semana, me fez lembrar duas passagens de minha vida. Quando, no início da década de 70, a Monareta da Monark era febre entre a molecada; ao fazer 10 anos de idade tive que escolher: ou ganhava uma bicicleta, como o resto dos garotos da quadra da rua Mandaguari, na Vila 7, ou então cinco volumes da Enciclopédia Trópico. Escolhi a enciclopédia (que, no total, tinha 15 volumes). Três anos depois, ao trabalhar com Ferrari Junior na Rádio Cultura AM, minha mãe me deu dinheiro para que eu pudesse trazer, na volta para casa, alguns quilos de feijão. Onde hoje é o HSBC, na avenida Getúlio Vargas, acontecia uma feira de livros usados. Gastei o dinheiro comprando três volumes (todos em estado ruim, um deles sem capa) de uma coleção sobre a história do mundo. Depois, quando caiu a ficha, chorei por ter gasto o dinheiro; me lembro da Maria Cristina e do saudoso Durval Leal me consolando e, claro, me ajudando a comprar o feijão. São duas histórias bobas, mas que mostram a relação que podemos ter com o conhecimento oferecido pelos livros – coisa que muita gente, ignorante, não compreende.

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