A saída é mudar o discurso

De Alex Aparecido da Costa:
Ao que parece, os partidos de esquerda que queiram eleger seus candidatos na Cidade Canção deverão repensar o discurso de expansão de serviços públicos de qualidade à população. É que os maringaenses, grosso modo, só porque estão pagando um carnezão da BV já pensam que são ricos. Por isso o caminho é fazer propostas que atendam mais as classes médias e altas e posteriormente governar em nome da justiça social. Isso não seria enganar, seria uma reação à ilusão vendida à chamada classe “c” que está sendo alienada dos problemas sociais que envolvem toda a cidade. É que, em todo país, o caminho que tem sido utilizado para tirar a população da pobreza é favorecer o acesso ao consumo, dessa forma a necessidade de um transporte coletivo de qualidade esbarra na esperança de comprar um carro com IPI reduzido; a conquista da casa própria, apesar de ser subsidiada pelo governo federal, apresenta-se como um tipo convencional de financiamento que visa antes de tudo aquecer o mercado imobiliário; a expansão dos serviços de saúde só atingem os doentes e aqueles que passaram por traumas familiares oriundos de mau atendimento enquanto a grande maioria sonha em pagar um plano de saúde e se livrar das mazelas do SUS; a educação vai pelo mesmo caminho, pois os pais anseiam matricular os filhos em escolas particulares. Enquanto isso a juventude pobre tenta se igualar aos ricos frequentando casas noturnas e barzinhos sofisticados, comprometendo seus salários em uma única balada enquanto os mais favorecidos gastam apenas partes de suas mesadas. Em síntese acredito que o maringaense em geral tem vergonha de assumir sua pobreza, de ser visto como o pobre que é. Pobre de recursos, de ideias e de informações para superar a opressão do projeto individualista que se instala contra os interesses coletivos que o obstrui. Interesses que devem permanecer porque devem triunfar.
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(*) Alex Aparecido da Costa é mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em História da UEM e pesquisador do Leam – Laboratório de Estudos Antigos e Medievais

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