O albergue será “estatizado”?

No início de 1958 os jornalistas A. A. de Assis e Manoel Tavares visitaram o Albergue Noturno, então pertencente ao Governo do Estado do Paraná. Encontraram camas quebradas, colchões rasgados, percevejos, baratas, mau cheiro. O funcionário que os recebeu deu algumas desculpas; que a verba era curta e pouca gente ajudava. No dia seguinte o periódico “A Tribuna” soltou a matéria em primeira página denunciando aquela coisa horrível. A repercussão foi imediata. Dom Jaime Luiz Coelho havia chegado à cidade fazia menos de um ano. Alertado pela reportagem, foi conhecer a situação de perto. Saiu de lá chorando e prometeu dar um jeito naquilo o mais rápido possível.
Em 27 de março de 1959, as Irmãs Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, convidadas por dom Jaime, assumiram o albergue que passou a ser denominado Albergue Santa Luíza de Marillac. Novos ventos sopravam em prol dos menos favorecidos. Lá se vão 53 anos de história. Muito trabalho foi realizado: o amor e a atenção das Irmãs Vicentinas; a liderança da Mitra Diocesana, o trabalho incansável e a dedicação das senhoras voluntárias da sociedade maringaense e de inúmeros diretores da entidade. O maringaense aprendeu a respeitar o albergue e reconhecer a excelência dos seus serviços. Nunca se furtou a colaborar. Seja na doação de roupas e calçados; ou de recursos financeiros para obras e aquisições de móveis e equipamentos; ou ainda participando de vários eventos promovidos pela entidade.
Segundo o padre Orivaldo Robles, em seu livro “A Igreja que Brotou da Mata”, de 2007, “o Albergue oferece cuidados de higiene, alimentação, pernoite, roupas, calçados, medicamentos, além de assistência social para encaminhamento na solução de problemas individuais como saúde mental, internamento hospitalar, procura de familiares, retorno à região de origem etc. São ainda proporcionados serviços de aconselhamento em situações difíceis e de orientação espiritual. Com uma clientela diária girando por volta de 100 pessoas, ou mais de 2.500 pobres acolhidos por mês, o albergue vem ultimamente assistindo uma média superior a 30.000 clientes/ano.” Mas esta história toda estaria no fim.
Informações dão conta de que, na tarde de hoje, dia 27 de novembro de 2012, será realizado o último bingo beneficente comandado pelas Senhoras Voluntárias e pelas Irmãs Vicentinas, que a partir da próxima semana estariam deixando o albergue e nossa querida Maringá. Boatos dão conta de que os serviços estariam sendo assumidos pelo Poder Público Municipal, através da Secretaria de Assistência Social e Cidadania – Sasc.
Será que o mnunicípio será capaz de realizar tão importante e necessária tarefa, com os mesmos cuidados? Será que Maringá pode prescindir do amor e do trabalho humanitário dessas Irmãs Vicentinas?
Este texto é de um amigo, que pediu para não ser identificado e serve para refletirmos. Se há problemas com a atual diretoria, não seria melhor solucioná-los? A quem interessa a ‘estatização’?
Akino Maringá, colaborador