‘Não venham ao Brasil’

De Edivaldo Magro:
violenciaBRSou brasileiro. Aliás, um apaixonado brasileiro. Patriota mesmo, daqueles que choram ao ouvir o Hino Nacional – e nas raras vezes que viajei ao exterior, senti uma baita saudade da minha terra. Mas reconheço que moro num país ingrato – com sua gente e seus visitantes. A polícia é ineficiente a justiça mais ainda. A morte recente de um turista canadense, executado durante um assalto, é apenas um dos muitos casos de violência contra estrangeiros. A polícia? Bem, disse que é preciso reforçar a segurança. Simples assim. Brasileiros sofrem muito mais, claro, com a criminalidade, mas os ianques que se aventuram por aqui parecem bem mais expostos – e quando se transformam em vítimas mancham ainda mais a imagem do país no exterior. Pior que o assassinato de turistas (aliás, não sei se aqui é adequado o superlativo entre uma coisa e outra) é o deprimente espetáculo dado por torcidas rivais num estádio catarinense. O violento confronto virou hit internacional a embalar a percepção de que o Brasil é uma terra de selvagens. Lá fora também ocorre esse tipo de barbárie, mas a lei se apressa em estabelecer limites e punições. Aqui se prática o esporte predileto das autoridades: reuniões. Depois do MP atribuir o problema à PM (e vice-versa), no caso da briga das torcidas, agora serão debatidas medidas para prevenir o problema. Nada acontece até o próximo episódio quando o ciclo se repetirá. Incompetência e omissão seriam dos adjetivos adequados para definir a situação. Então, recomendo aos turistas que não venham ao Brasil. Aqui é uma terra sem lei, um mundo assombrado por todo tipo de demônio em que a burocracia se impõe sobre esparsas tentativas sérias de resolver as coisas. Na verdade, é um mundo de embromação, onde todos se enganam e a vida segue – até a próxima vítima. Daí a comoção, as críticas, as cobranças, a indignação… Depois tudo volta ao normal.

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