Saúde não é mercadoria

Por Paulo Vidigal:

saudeA Administração Municipal impôs uma forma de compensação de carga horária que é prejudicial aos profissionais de saúde que trabalham nas UPAs, Hospital Municipal. Por consequência, também prejudicial à população que necessita desse serviço. Antes, as horas que excediam a carga horária eram pagas no salário. Mas com a mudança imposta pela Administração os trabalhadores são obrigados ao invés de receber essas horas retirá-las em folga. O argumento usado pela Administração é a redução de gastos. 
Ocorre que nos setores do pronto-atendimento, onde durante a semana são escalados 9 profissionais de saúde, nesse domingo haviam apenas três para atender a população. O número de atendimentos que acontecem em 12 horas permanece o mesmo: entre 300 a 400 pacientes.
Esse número de atendimentos por profissional contraria a normas regulamentares do COFEN (Conselho Federal de Enfermagem) que delimitam um número de pacientes a serem atendidos por profissional de saúde.
Essa forma de compensação de carga horária imposta pela Administração, o aumenta o número de pacientes a serem atendidos por cada trabalhador. Isso é prejudicial ao profissional de saúde pois tem que se desdobrar para prestar um atendimento digno. Essa imposição é sentida pelo paciente/usuário. Afinal, contará com um número menor de profissionais para atendê-lo.
A Administração Municipal, deve repensar sua forma de redução de “gastos”, o que na verdade não é um “gasto” mas sim um direito de toda pessoa. Ao invés tratar a saúde como mercadoria deveria reduzir seus gastos em propaganda/publicidade. Vale lembra que só no primeiro semestre de 2015 foram torrados cerca de R$ 4 milhões de reais em publicidade. O fim das distorções de carga horária com a regulamentação de 30 horas semanais para os trabalhadores da saúde seria adequado e justo.
Deixo essas informações não como candidato a presidência do sindicato dos servidores, mas como alguém que já esteve do outro lado do balcão por doze horas seguidas atendendo pacientes e sabe quanto os profissionais se esforçam para prestar um atendimento humanizado.
Uma pergunta à Secretária de Saúde, aos vereadores, ao Conselho Regional de Enfermagem e ao Conselho Municipal de saúde: como se sentiriam ao saber que seriam atendidos por um número reduzido de profissionais? Que ao invés de 9 haveria apenas 3 profissionais para atendê-los?
A realidade é essa. Mudá-la depende de cada uma das senhoras e senhores.
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(*) Paulo Vidigal é servidor público municipal em Maringá

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