Foi ‘interferência partidária’

Em nota publicada no Facebook, o servidor público municipal Paulo Vidigal justificou sua renúncia na chapa 2, onde era candidato a presidente do Sismmar.
“Lamentavelmente detectei dentro da chapa o que significava uma interferência partidária. Essa “movimentação” tentou criar um grupo majoritário dentro da chapa e possível futura direção. Para se criar esse pequeno grupo, foram praticadas várias atitudes que repudio”, diz a nota. Leia a íntegra:

“Servidoras e servidores,
Na tarde dessa sexta feira protocolei junto a comissão eleitoral minha renúncia a candidatura à presidência do Sismmar pela Chapa 2.
Pergunta-se por que renunciar após um resultado tão positivo no primeiro turno? Após tanta luta? Por que renunciar se eram grandes as chances de vencer a eleição? Antes de responder gostaria de dizer algumas palavras.
Dediquei-me a essa campanha desde o início do ano. Abri mão da minha vida pessoal em nome da construção de um projeto de um sindicato independente, classista e de luta. Minha casa se transformou num comitê de campanha, mas isso era menor diante desse projeto.
Durante a campanha os ataques pessoais foram fortes. Agüentei firme e com a consciência tranqüila porque meu desejo de construir um sindicato de luta, independente de governos e partidos era muito maior do que as pancadas que eu recebia.
Foi um primeiro turno duro, cheio de desigualdades de toda sorte: estruturais, financeiras. Participei da campanha sem me afastar do trabalho, continuava trabalhando a noite. Mas mesmo com essas e muitas outras dificuldades o projeto de um sindicato independente, classista e de luta continuava maior. Um projeto que foi reconhecido e aceito por um grande número de servidoras e servidores.
Volto ao motivo da minha renúncia. Lamentavelmente detectei dentro da chapa o que significava uma interferência partidária. Essa “movimentação” tentou criar um grupo majoritário dentro da chapa e possível futura direção. Para se criar esse pequeno grupo, foram praticadas várias atitudes que repudio.
Essa interferência conflitava com aquilo que me comprometi com os servidores. Continuasse a frente da chapa e, caso fossemos eleitos, com essa interferência eu não conseguiria cumprir o compromisso de realizar uma direção sindical independente de interferência partidária.
Tentei reverter essa situação para manter o projeto e evitar a renúncia, mas lamentavelmente isso não foi possível. Os responsáveis por essa interferência poderiam ter evitado a renúncia, mas não o fizeram. Terão sobre suas consciências esse fardo, eu não.
A renúncia é uma decisão muito difícil. Envolve muitas situações, envolve nossos sonhos, pois trata-se de um projeto que muitas pessoas acreditaram, tenho total consciência disso. Mas para mim, não vale tudo para chegar ao poder. É preciso ter ética, ter moral e caráter. Tenho repetido que não jogarei meu nome e minha história de participação nas lutas dos servidores no lixo.
Com a minha renúncia nove servidores decidiram espontaneamente deixar a chapa. São eles: Valdemir Pereira, Paulo de Castro Meyer, José Cecílio Neto, Almir Alves de Almeida, Vera Lucia da Silva, Nelma Alves Moreira, Pascoal Leite Albuquerque, Francisca Beatriz D. Meyer e Tiago Lopes Barcelos. Quanto aos demais que permaneceram na chapa, a absoluta maioria, repito, absoluta maioria, tem meu total respeito, pois são verdadeiros lutadores, que apesar de não terem saído da chapa também não concordam com essa interferência partidária. De boa fé, acreditavam que a interferência partidária poderia ser posteriomente revertida.
Agradeço a todos servidores e servidoras que votaram confiando no projeto de construir um sindicato independente, classista e de luta e que confiaram também em mim. Em respeito a essa confiança de vocês tomei essa decisão. Agradeço também a minha família pelo apoio durante todo esse processo. Aos servidores digo que dessa vez não me verão como presidente do sindicato, mas certamente me verão nas lutas, como tem sido até hoje.
Com tristeza, mas com a consciência tranqüila, me despeço com um abraço fraterno.
Paulo Vidigal”.

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