A guerra do impeachment

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Trecho da reportagem de capa da revista Época deste final de semana, de Ana Clara Costa e Talita Fernandes:

O Palácio do Planalto não governa. Trabalha apenas para manter a presidente Dilma Rousseff – à base da oferta de cargos e verbas para qualquer um que ofereça votos. Problema: o PMDB faz o mesmo.
O PP tem sido, nas últimas semanas, um dos principais alvos de investida do Palácio do Planalto. Ao tesoureiro do partido, Ricardo Barros (PP-PR), foi oferecido o Ministério da Saúde, o maior orçamento federal, de R$ 88 bilhões.

Até o momento, o titular é Marcelo Castro, do PMDB. O governo diz que a entrada do PP na Saúde será garantida se seu presidente, o senador Ciro Nogueira, conseguir convencer metade da bancada de 49 deputados a votar contra o impeachment. Dilma conta com Nogueira. Sugeriu a ele que abrisse as torneiras do fundo partidário do PP nas campanhas de eleições municipais de deputados que votarem contra o impeachment. Na quarta-feira, Ciro informou o governo que o PP não deixaria a base de apoio, como fez o PMDB, e daria os votos necessários. No mesmo dia, no entanto, a conversa com os deputados foi outra. “Vocês têm um compromisso comigo até a votação”, disse Ciro. “No dia de votar, estão liberados para fazerem o que quiserem. Mas até lá eu preciso mostrar para a presidente que eu tenho respaldo do partido.” Como Sarney, Ciro pediu aos deputados silêncio em relação ao governo; o voto é escolha de cada um. O cálculo de Nogueira é cristalino: se o impeachment for barrado na Câmara, ainda que sem todos os votos do PP esperados pelo governo, Dilma precisará entregar algo ao partido para governar até 2018. Se o impeachment for aprovado, a maioria do PP terá capital para negociar espaço em um possível governo Temer. Os diálogos para isso, inclusive, já acontecem com emissários do vice-­presidente.

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