Sem punição, ‘batalha’ da PM contra professores faz 1 ano

Professores

De Juliana Coissi, hoje na Folha de S. Paulo:

Aos 59 anos, o professor Francisco Ximenez jamais pensou que voltaria a um campo de batalha entre docentes e policiais em Curitiba. Em 30 de agosto de 1988, ele socorreu uma amiga pisoteada na perna por um dos cavalos da PM em um protesto, na gestão do então governador Álvaro Dias (PV).
Mas 27 anos depois, na tarde de 29 de abril de 2015, Ximenez estava, de novo, ajudando um amigo atingido por balas de borracha em um outro ato, agora contra o governador Beto Richa (PSDB). De herói passou a vítima. Um dos tiros de borracha pegou o pescoço. A pancada levou-o ao chão. Em seguida, diz, um PM o agrediu com cassetete nos braços. Ao tentar fugir, levou outra bala de borracha, desta vez na barriga.

No mesmo cenário de guerra, o agente penitenciário Cláudio Franco, 44, era atingido na bochecha por balas de borracha da PM, e o estudante Icaro Moura, 17, tinha os olhos cobertos de sangue após se machucar na testa por pedaços de uma bomba de gás lacrimogêneo.
As imagens ensanguentadas de Ximenez, Moura e Franco ganharam projeção nacional como ícones do resultado da intervenção de PMs no protesto de servidores, no que foi definido pelo Ministério Público como “Batalha do Centro Cívico” –e chamada pelos professores de “massacre do 29 de abril”.
Um ano depois do episódio, ninguém foi punido pela ação que deixou 200 pessoas feridas. Logo depois da batalha, o secretário de Segurança Pública pediu demissão. Fernando Francischini (SD-PR) reassumiu o mandato de deputado federal e, neste mês, deu um “sim” efusivo na votação pelo impeachment de Dilma Rousseff.Leia mais. (Fotos: Theo Marques/Folhapress)

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