A influência da tecnologia na educação dos jovens

Ilustra

Por José Luiz Boromelo:

A juventude atual vive uma época de descobertas. Nunca se disponibilizou tamanha diversidade de opções tecnológicas. Pela própria característica em proporcionar desafios, tudo o que está relacionado com novidades tecnológicas tem o poder de atrair os jovens.
E o resultado está por todo lado, mostrando que os limites aceitáveis, quando o assunto é o uso de aparelhos que oferecem conexão móvel, há muito foram superados.

Estamos presenciando o nascimento de uma nova geração (sem distinção de classe social ou faixa etária), totalmente dependente de notebooks, smartphones, tablets e quaisquer outros meios de acesso à rede mundial de computadores. Ainda que os defensores desse padrão de comportamento insistam em justificar o uso indiscriminado das chamadas “redes sociais” como uma forma de inserção das classes menos privilegiadas, a comprovação inequívoca não deixa dúvidas: nossos jovens estão se perdendo nas armadilhas sorrateiras do mundo virtual.
As mudanças são visíveis no ambiente doméstico. A família lentamente está deixando de lado seus vínculos, como a salutar reunião diária para as refeições, em que o diálogo entre os integrantes do núcleo familiar haveria de prevalecer. Hoje a principal e indispensável companhia à mesa são os aparelhos de telefonia móvel (sabidamente transmissores de todo tipo de bactérias), disputando espaço com pratos, talheres e alimentos. Esse mau costume passou a afetar também os adultos, cada vez menos dispostos a dar o exemplo e totalmente coniventes com hábitos pouco recomendados, adquiridos no decorrer do tempo. Mesmo em ambientes públicos (como restaurantes e lanchonetes) o excesso e a dependência são explícitos mostrando que o problema é infinitamente mais complexo do que se imagina.
Nessa imensidão de possibilidades nossos jovens vagueiam sem rumo. Muitos dos que navegam na rede sem qualquer tipo de supervisão estão os adolescentes, com 10, 12, 14 anos. Meninos e meninas com acesso irrestrito a todo tipo de conteúdo. Contando com a insensibilidade e a indiferença dos pais, movidos pela curiosidade e pela inexperiência típica dos que iniciaram a complicada fase de transição, acabam levados para ambientes onde prevalecem o erotismo exacerbado e a pornografia, posturas totalmente inapropriadas para a formação de um cidadão de bem. Sem a interferência ou a orientação de um responsável adulto, estão expostos continuamente às intermináveis sessões de anomalias morais, produzidas para um público específico. Toda essa exposição indiscriminada a conteúdos altamente degradantes induzem e estimulam os jovens a buscarem experiências sexuais precoces e fortuitas, descompromissadas, sem envolvimento emocional. Transformam nossas crianças em adultos mirins, escandalizados pela realidade cruel de comportamentos desregrados, seduzidas pelo torpor dominante de um ambiente sem quaisquer limites.
A continuar essa sanha irrefreável por mais e mais tecnologia, haverá o tempo em que se encontrará pelas ruas verdadeiros zumbis, totalmente alheios ao mundo real (algumas pessoas já se aproximam desse nível de dependência). E com o caráter ainda em lapidação, o jovem está naturalmente mais suscetível às influências perniciosas das telas multicoloridas. São inegáveis os benefícios proporcionados pela modernidade (uma necessidade inadiável), isso é fato. Mas há que se ter bom senso, requisito primordial para o uso equilibrado da tecnologia. Esse é o maior desafio. Antes que seja tarde demais.
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(*) José Luiz Boromelo, escritor e cronista.

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