A corrupção eleitoral em Maringá

Corrupção

Por Walter Praxedes:

Maringá é uma cidade que conta com uma vida cultural e social intensa, com uma grande universidade, inúmeras instituições de ensino e organizações da sociedade civil, veículos de comunicação, associações de todos os tipos, sindicatos, partidos, movimentos sociais, cultos e igrejas.
Mas ainda não foi realizada uma pesquisa detalhada e rigorosa sobre como a disputa política ocorre na prática em nossa cidade.

A missão do Ministério Público e da Justiça é investigar, julgar e punir a ocorrência de delitos. Cabe à imprensa noticiar os acontecimentos e expor democraticamente os diferentes pontos de vistas existentes na sociedade.
Para as ciências sociais o objetivo é entender como e porque os agentes políticos divulgam concepções que muitas vezes são desmentidas pelas suas práticas. Dessa forma, a pesquisa social pode contribuir para a melhora na qualidade democrática da nossa vida pública, evidenciando as razões que levam muitos eleitores e agentes políticos a denunciar a corrupção no sistema político eleitoral brasileiro, enquanto toleram a corrupção em nossa cidade.
Será muito relevante para a vida pública democrática no município uma pesquisa que investigue a corrupção eleitoral em âmbito local, incluindo a compra de apoio político, o financiamento de campanhas eleitorais através do famoso caixa 2, tráfico de influência, compra de votos, troca de favores e barganha de apoio em troca de cargos na administração pública.
Enquanto essa investigação não for realizada e tornada pública, muitos cabos eleitorais considerados formadores de opinião continuarão vendendo seu apoio em troca de cargos numa futura gestão.
Nesse caso, a pesquisa em questão também revelará os critérios que comumente são utilizados para definir o escalão administrativo dos cargos públicos distribuídos entre os cabos eleitorais mais eficientes, se de acordo com o número de votos conquistados para o candidato eleito, ou, ainda, segundo o grau de proximidade em relação ao novo prefeito e seus principais apoiadores.
A pesquisa poderá demonstrar também como os candidatos ao cargo de prefeito arcam com os custos do material de campanha utilizados pelos candidatos a vereador e cabos eleitorais, incluindo os sempre necessários recursos para lanches do pessoal da campanha, nem que seja um não muito prestigioso mas desejado sanduíche de pão com mortadela e tubaína, carros, combustível, além do restante da logística envolvida na luta pelos votos dos eleitores, sem esquecer aquela remuneração extra e informal definida de acordo com o número de votos conquistados nas urnas dos redutos indicados pelos cabos eleitorais.
Ao evidenciar tais práticas a pesquisa social pode contribuir para melhor informar os eleitores maringaenses, que são os agentes que poderão dar um basta a essa política clientelística e retrógrada que tanto envergonha nossa amada Maringá.
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(*) Professor do Departamento de Ciências Sociais da UEM

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