Fosse o governo Temer menos frouxo, Ricardo Barros já teria sido despejado do ministério

ricardo

De Ucho Haddad:

Quando o presidente Michel Temer, ainda na interinidade, nomeou Ricardo Barros para comandar o Ministério da Saúde, o Ucho.Info afirmou que o governo cometera um enorme equívoco, pois o ministro era, como ainda é, a pessoa errada para um governo que sofre com a baixa credibilidade.
Indicado ao cargo pelo PP, partido com o maior número de parlamentares investigados na Operação Lava-Jato, Barros é alvo de processo que tramita no Supremo Tribunal Federal por causa de orientação dada por telefone para direcionar licitação da prefeitura de Maringá, em 2011.
Na ocasião, Silvio Barros foi flagrado pelo Ministério Público do Paraná em conversa telefônica com Leopoldo Fiewski (então chefe de gabinete do prefeito Silvio Barros, irmão de Ricardo), em que afirma que “era pra ser filha única”, “não gosto de amador”, “eu queria que você promovesse uma conversa dos dois [concorrentes]” e “aí quem sabe fazemos uma solução salomônica aí”.
O “acordo” sugerido pelo atual ministro da Saúde era entre duas agências de comunicação que disputavam licitação de publicidade da prefeitura de Maringá, no valor de R$ 7,5 milhões. Para o MP, Barros atuou para direcionar a licitação em favor da Meta Publicidade, de Maringá, contra a Trade Comunicação, de Curitiba. Ao final da concorrência, a Meta, que desde 2005 tinha contrato com a prefeitura e já havia prestado serviço a campanhas eleitorais de Silvio Barros, venceu a disputa.

Vale tudo
Agora, Ricardo Barros envolve-se em nova polêmica, colocando o governo Temer em situação de dificuldade e que certamente exigirá ação da Comissão de Ética Pública (CEP) da Presidência da República.
O ministro tem participado de campanhas eleitorais no interior do Paraná e efeito promessas, o que viola de forma flagrante a resolução nº 7 da CEP, de fevereiro de 2002. O presidente da Comissão de Ética Pública, Mauro de Azevedo Menezes, afirmou que “está bem claro na resolução, a autoridade não pode se valer do cargo para prometer verbas, nomeações ou obras”. “Não é possível fazer promessas relacionadas a temas que estejam na órbita de poder da autoridade. Essa é uma vedação clara”, emendou Menezes.
Além da mencionada resolução, o próprio governo distribuiu, como tem sido nos últimos anos de disputa eleitoral no País, uma cartilha intitulada “Condutas vedadas aos agentes públicos federais em eleições”.
A tal cartilha confirma as vedações previstas na resolução e acrescenta explicações de fácil compreensão. Sobre a questão das promessas, por exemplo, a cartilha destaca: “É fundamental que a autoridade não faça promessa, de forma explícita ou implícita, cujo cumprimento dependa do uso do cargo público, como realização de obras, liberação de recursos e nomeação para cargo ou emprego. Essa restrição decorre da necessidade de se manter a dignidade da função pública e de se demonstrar respeito à sociedade e ao eleitor”.
Ao lado de candidatos que disputam as eleições municipais em algumas cidades paranaenses, Ricardo Barros prometeu construir um hospital em Marialva e melhorar outro em Foz do Iguaçu.
Considerando a gravidade do ocorrido, o presidente da República precisa demitir Ricardo Barros com a máxima urgência, pois não resta dúvida que o ministro desrespeitou ordem explícita do governo. Se optar por uma conversa em palácio para ouvir as explicações do transgressor, como tem feito, Michel Temer mais uma vez mostrará a frouxidão de uma gestão que não inspira confiança.

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