Análise: O declínio do poder da família Barros e a opção de Maringá pelo novo

declinio

Por Zery Monteiro:

Os Barros estão com dificuldades cada vez maiores em conquistar o número de votos suficientes para manterem-se no poder.
As últimas pesquisas de intenção de votos indica que possivelmente Maringá irá optar pelo novo. Seria um reflexo do impeachment ou golpe (conforme preferirem), quando foi retirado do poder presidencial o grupo que estava lá há vários anos?

Sabemos que o ápice da ascensão política dos Barros em Maringá se deu em 2008, quando o candidato Sílvio Barros venceu no primeiro turno, com uma votação expressiva de 57% dos votos válidos.
No entanto, nas outras eleições, não conseguiram vencer no primeiro turno. Além disso, a cada nova eleição, tiveram uma porcentagem cada vez menor dos votos considerados válidos, conforme podemos observar no gráfico e quadro abaixo.

tabela5 tabela4

O declínio também é constatado no 2º turno. Embora tenham vencido em 2004 e 2012, vemos que a porcentagem de votos recebidos a mais, em relação ao outro candidato, também caiu, conforme o gráfico e quadro abaixo.

tabela2 tabela1

Em 2004 (2º turno), Sílvio Barros conseguiu ganhar com uma diferença de 7,08% de votos a mais em relação ao outro candidato João Ivo Caleffi. Talvez, ali, sua promessa de redução da tarifa da circular tenha contribuído de forma relevante para obtenção de votos. Porém quando eleito, a tarifa foi abaixada por apenas três meses.
Já em 2012 (2º turno) o então candidato apoiado pelos Barros, Carlos Roberto Pupim foi eleito com uma diferença de 6% dos votos com relação ao candidato Ênio Verri, ou seja, teve 0,98% de votos a menos do que no ano 2004(2º turno).
Por outro lado, a porcentagem de 6% torna-se menor quando sabemos que Carlos Roberto Pupim tinha à sua disposição centenas de cargos de chefias, que atuaram como cabos eleitorais, o apoio da imprensa e o gasto excessivo com publicidade durante toda a gestão. Sem contar que também contou com o apoio de quase a totalidade dos demais candidatos que perderam a eleição no primeiro turno.
O ex-presidente Lula disse certa vez que é preciso saber ler o resultado das eleições. Creio que isso os Barros sabem bem melhor que muitos.
Possivelmente devido a isso numa de suas primeiras falas da campanha no segundo turno Sílvio Barros tentou persuadir os eleitores, que votaram em branco, anularam ou se abstiveram de votar, chamando-os a responsabilidade de decidir na escolha do candidato que iria administrar a cidade onde moram. Essa estratégia fez todo o sentido, pois o índice de votos brancos, nulos e abstenções nesta última eleição foi assustadoramente maior que nas demais eleições, se compararmos com a porcentagem de crescimento do eleitorado, conforme gráfico e quadro abaixo:

tabela3

tabela6

Pelo quadro e gráfico, vemos que o descontentamento dos eleitores com relação à política nacional (e também local, senão haveria a reeleição no primeiro turno), tende a evoluir em conseqüência do descrédito dessa política comatosa que exige uma profunda reforma.
Talvez pela constatação do fato de que a rejeição à política seja um processo irreversível e crescente, Sílvio Barros partiu para a mesma tática de 2012: a destruição da imagem do candidato concorrente. Para isso tenta colar a imagem ao Partido dos trabalhadores (PT), que possui alto índice de rejeição. Não sabemos até que ponto essa tática será eficaz, pois o uso da rejeição ao PT está se tornando algo desgastado, à medida que o descrédito político aumenta de uma forma geral, independente dos partidos e dos políticos.
Como há várias pessoas da família Barros vivenciando a vida política há anos, eles já sabem que nessa eleição, mesmo com a continuidade de uso de toda a estrutura da prefeitura, do gasto exorbitante em publicidade, do apoio da maior parte da mídia local, dos Cargos de Confiança (CCs) trabalhando como cabos eleitorais e de contarem com o apoio de vários partidos políticos, de empresários e outros apoiadores, talvez dessa vez que não consigam alcançar aquela pequena porcentagem a mais que os fariam ganhar a eleição e mantê-los no poder.
Não sabemos como será a administração de Ulisses Maia, caso venha a vencer as eleições. Em política sabemos que a existência de um Plano de governo não implica necessariamente sua execução, nem garante que o candidato eleito cumpra suas promessas, ainda que deseje cumpri-las.
Mas acredito que o que tem movido várias pessoas a colocarem adesivos do candidato Ulisses Maia em seus carros seja o desejo coletivo de mudança que ele representa.
Penso que talvez o ex-prefeito João Ivo Caleffi pudesse ter sido reeleito se tivesse ouvido a população quando, por exemplo, a mesma pedia incessantemente que os buracos da rua fossem tampados. Não quero cometer injustiça com o prefeito que promoveu possivelmente o maior trabalho de orçamento participativo de Maringá, mas ele não atendeu várias reivindicações feitas intensamente pela população.
Da mesma forma creio que possivelmente o declínio do número de votos nos candidatos dos Barros seja porque a população não foi ouvida quando pediu, por exemplo: o retorno da votação de diretores de escolas, a diminuição do valor do passe de circular, bem como um número maior de ônibus e a maior disponibilidade de horários em dias úteis, sábados, domingos e feriados, o atendimento mais rápido de consultas especializadas, o conserto das goteiras de prédios do setor público, o uso de centros esportivos sem pagamento de taxas, a garantia da passagem gratuita para a criança e o jovem participar dos cursos oferecidos nos Centros Esportivos, o planejamento urbano-regional feito através de um debate público para a construção de um plano diretor pra depois segui-lo para que não ocorram mais desastres como a construção do contorno norte que separou a cidade e causou barreiras irreversíveis à mobilidade, além do impacto causado do contorno em Sarandi, a garantia de que a Sanepar fornecerá água tratada e sem cheiro, independente do que houver, a construção de coberturas nos pontos de ônibus, a cobrança da multa de trânsito feita para todos, sem distinção, o apoio à Assindi, a atitude humana contra a violência nas periferias, em especial contra os jovens negros, a atitude de respeito dos cargos de confiança (CCs) aos funcionários, o respeito aos funcionários que têm ideologia diferente do prefeito eleito e à diversidade de nosso povo, a aprovação de projetos somente após passar pelo crivo dos funcionários que irão executá-lo diretamente, o término da informatização dos serviços e a disponibilização de equipamentos que funcionem, a facilitação de participação de cursos pelos funcionários, dentro de sua área de trabalho, a aquisição de canetas que escrevem, borrachas que apaguem, lápis possíveis de serem apontados e que permaneçam com a ponta, a extinção do trabalho feito a toque de caixa e a implantação de um calendário anual a ser seguido dentro dos limites estruturais e humanos de cada setor de trabalho e abolir a cultura de solicitar ao funcionário coisas impossíveis para atender o capricho de alguém.
Assim como João Ivo, os Barros realizaram (e realizam) ótimos trabalhos e projetos, em especial os elogiadíssimos trabalhos culturais sob a responsabilidade da secretária da Cultura Olga Agulhon e o ótimo trabalho do gerente de Patrimônio Histórico Tom Vilanova. No entanto, sabemos que embora o poder seja mais visível quando exercido na pessoa de um prefeito eleito, o candidato não deve esquecer que ele é empregado do povo e é o povo quem determinará se ele continuará ou não trabalhando para ele.

Caso alguém se interessar em checar os dados utilizados ou saber mais sobre esse assunto indico os seguintes sites ou links:
http://www.tre-pr.jus.br/eleicoes/resultados/resultados-de-eleicoes-municipais-tre-pr
http://www.tse.jus.br/eleicoes/eleicoes-anteriores/eleicoes-1996/quadro-geral
http://www.guiadoeleitor.com.br/cidades/76910.htm
http://www.odiario.com/historiademaringa/eleicoes
http://digital.odiario.com/cidades/noticia/2193732/maringa-tem-261717-eleitores-aptos-a-votar/
http://www.deepask.com/goes?page=maringa/PR-Eleicao-para-prefeito:-Veja-o-numero-de-votos-uteis-nulos-e-brancos-no-seu-municipio
http://eleicoes.terra.com.br/apuracao-resultado/2012/1turno/pr/maringa,76910.html
http://g1.globo.com/pr/parana/eleicoes/2016/noticia/2016/07/eleitorado-do-parana-cresce-29-em-20-anos-e-passa-de-78-milhoes.html
http://eventos.noticias.uol.com.br/eleicoes/PR/index-76910.html
http://www.maringamais.com.br/?pag=noticias_maislidas&id=12203
http://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/103178/alcantara_jc_dr_assis.pdf?sequence=1
http://www.dcs.uem.br/xiseminario/gtvi/a7.pdf

Advertisement
Advertisement