Cinco declarações muito preocupantes do ministro da Saúde

De Monique Oliveira, do site Brasileiros:

Polêmico, o engenheiro Ricardo Barros (PP-PR), ministro da Saúde na era Temer, tem deixado profissionais da saúde e movimentos sociais de cabelo em pé. Além da proposta de planos de saúde com menor cobertura e diversas tentativas de questionar a universalidade do Sistema Único de Saúde, ele coleciona pérolas que, digamos, não primam pela sutileza. O lado bom é que são bem reveladoras. Não há necessidade de ler nas entrelinhas. Está tudo na linha mesmo.

1) “Exames com resultados normais são desperdícios para o SUS”
Em evento nos EUA em abril de 2017, o ministro disse em apresentação e depois à BBC que exames com resultados normais são um desperdício para o Sistema Único de Saúde. Ainda que o custo de exames possa pesar para o sistema – um debate feito há muito tempo na saúde – muitos criticaram a frase. Ela dá a entender que exames feitos para a prevenção seriam desnecessários.

2) “Homens trabalham mais, por isso, não acham tempo para cuidar da saúde”
A máxima de agosto de 2016 foi dita durante lançamento de pesquisa da ouvidoria do Sistema Único de Saúde. Segundo o levantamento, 33% dos homens não têm o hábito de usar o sistema de saúde para prevenção. A frase de Barros foi dada como uma justificativa para esse dado. Um dia depois, porém, o ministro pediu desculpa e disse que foi mal interpretado.

3) “Na pior das hipóteses, tem efeito placebo. A fé move montanhas”
A frase foi dita em maio de 2016 no Congresso Nacional em pleno auge da polêmica sobre a fosfoetanolamina, a chamada pílula do câncer. Na época, discutia-se se a pílula poderia ser aprovada sem estudos clínicos que comprovassem sua eficácia. Diversas instituições, como a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), eram contra a aprovação. No fim, os estudos feitos até agora não encontraram eficácia da droga contra o câncer.

4) “É preciso rever o tamanho do SUS”
Em entrevista para a Folha de S.Paulo, o ministro causou alvoroço ao defender que o tamanho do SUS – e, portanto, sua universalidade – precisava ser repensada. O SUS foi criado segundo princípios da Constituição de 1988 para atender à toda a população brasileira gratuitamente e é um dos poucos sistemas universais de saúde do mundo. Muitos consideram que não há como substituir o SUS sem comprometer o atendimento de pacientes crônicos ou idosos, por exemplo. Depois da polêmica, Barros recuou e disse que o “SUS está estabelecido”.

5) “Mosquito Aedes aegypti é indisciplinado”
Em coletiva de imprensa assim que tomou posse, o ministro sugeriu que a dificuldade de lidar com a dengue, zika e chikungunya se deve à indisciplina do mosquito, que não “pica somente quem está na casa”. Especialistas e gestores afirmam, no entanto, que a persistência do mosquito no Brasil se deve, dentre muitas questões, às condições de moradia e à falta de saneamento básico em regiões mais pobres do País.

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