De Adauto.Cardoso@pol para Herman@jus

Ilustra tse

De Elio Gaspari, hoje na Folha de S. Paulo:

Eminentes ministros Herman Benjamin, Rosa Weber e Luiz Fux

Vocês perderam por 4 x 3. Eu, Adauto Lúcio Cardoso, fui voto solitário em 1971 contra a censura prévia à imprensa, deixei a toga na bancada e fui-me embora do Supremo Tribunal Federal. Há quem lembre desse episódio, mas ninguém lembra dos ministros que formaram a maioria.

Está aqui comigo o Alcides Carneiro, voto vencido no Superior Tribunal Militar no julgamento do historiador Caio Prado Jr., condenado a quatro anos de cadeia por uma entrevista banal para um jornalzinho de estudantes. A maioria que agradou o governo está na poeira da História.
Nós resolvemos escrever esta mensagem depois de um almoço que D. Pedro 2º deu a seu amigo Oliver Wendell Holmes. O magnífico Holmes indignou-se quando lhe contaram o que aconteceu no Tribunal Superior Eleitoral. Ele esteve na Corte Suprema dos Estados Unidos durante 30 anos, até 1932.
A melhor defesa da liberdade de expressão baseia-se no seu voto no caso Abrams, de 1919. Pois foi o voto de um derrotado por 7 x 2 (com ele ficou só o Louis Brandeis). Ninguém se lembra da maioria, mas algumas palavras de Holmes são repetidas pelo mundo afora: “O melhor teste da verdade é o poder de uma ideia de ser aceita na competição do mercado.”
Quem ouviu o voto do ministro Herman Benjamin sabe que nunca mais se falará de corrupção política no Brasil sem mencionar seus argumentos. Ninguém constrangerá os quatro vencedores porque ninguém haverá de lembrá-los.
No mundo dos tribunais e das ideias, ao contrário do que acontece nos campos de futebol, o vencedor pode perder e o perdedor pode vencer. Nós vencemos.

Agradecidos, subscrevemo-nos,
Adauto Lúcio Cardoso, Alcides Carneiro e Oliver Wendell Holmes

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