Governo quer “ditadura da saúde”: refil de refri e saleiros proibidos

Sal

De Jones Rossi, na Gazeta do Povo:

É evidente que o consumo exagerado de sal e refrigerante são prejudiciais à saúde. Assim como o consumo exagerado de chocolate e uma infinidade de outros alimentos e bebidas. Mas não cabe ao governo chegar ao extremo de proibir o consumo, sob pena de penalizar não só quem consome de forma consciente, mas também toda uma cadeia produtiva.

Também fica clara a tentativa de estabelecer o que o psiquiatra americano Jonathan Metzl chama de “ditadura da saúde moderna” em seu livro “Against Health – How Health Became The New Morality” (Contra a saúde: como a saúde virou a nova moralidade), lançado pela editora da New York University em 2010 e ainda sem versão em português. Em entrevista ao site de Veja, Metzl afirmou que as pessoas se “tornaram tão obcecados por saúde que esqueceram o sabor da boa comida e as delícias de diferentes coisas. Nós esquecemos o conceito de prazer.”
Para Metzl, conforme ele afirma na mesma entrevista, as pessoas sentem a necessidade de controlar o próprio corpo porque elas têm medo. “Existem tantas coisas imprevisíveis – podemos desenvolver um câncer ou sofrer um acidente de carro – que é muito mais fácil nos iludir do que assumir nossa vulnerabilidade. As pessoas acham que se comermos as coisas certas controlaremos tudo.”
Há de se considerar outro importante fator. O poder público precisa agir levando em conta o bom senso, sem excessos e legalismos indevidos. É o que a Gazeta do Povo defende como o princípio da proporcionalidade: “quaisquer limitações às liberdades dos cidadãos têm de ser exceções e devem ser rigorosamente justificadas e, por isso, tem uma especial importância na proteção do ethos democrático.”

Leia aqui o artigo de Rodrigo Constantino sobre o tema, intitulado “Os “guardiões do estômago” e os “fascistas do bem”: o retrato de uma sociedade infantilizada”. (Foto: Revista Food Magazine)

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