Tirania, amizade, crítica, perdão, arrependimento

Damon e Pitias

Narra Cícero, filófoso latino, que Siracusa era governada por um rei tirano, chamado Dionísio. Pìtias, que tinha um inseparável amigo, Damon, inconformado com os desmandos do monarca, passou a criticá-lo publicamente.

Dionísio insatisfeito mandou chamá-los (Pitias e Damon) e ameaçou, dizendo que se continuasse com as postagens, digo, com as críticas, estaria demonstrando rebeldia e traição, passíveis de aplicação da pena máxima.
Como o rei não mudou a maneira de agir, as críticas continuaram, e pouco tempo depois, irritado, Dionísio condenou Pítias à morte, concedendo-lhe o direito ao último desejo.
Pítias pediu para visitar a família, que morava em outra cidade. Sarcástico, o rei disse que aquilo era um ardil para fugir. Pítias disse que daria uma garantia e, antes de terminar a respostas, seu amigo Damon deu um passo à frente e disse: ‘A garantia sou eu. Ficarei no cárcere à sua espera, pois todos sabem de nossa amizade’.
Já pensou que se ele não voltar a pena de morte recairá sobre você? Sim, majestade, respondeu, tranquilo.
Decorrido o tempo, faltando uma hora para o tempo final Pítias não tinha voltado e o rei começou interrogá-lo. Onde está seu amigo? Senhor, se meu amigo não voltou é porque algo o impediu, e terei o prazer em morrer em seu lugar.
Mal terminou a frase e Pítias amparado por um soldado entrou na sala, ofegante, abatido, ferido, e explicou que fora assaltado, que a embarcação naufragou e conseguiu sobreviver, avançar pela estrada, chegando a tempo de cumprir a sentença.
Emocionado, Dionísio revogou a sentença e mandou libertá-los, dizendo: ‘Uma amizade deste porte merece respeito e compensação. Não somente os liberto, como rogo que me ensinem a nobre virtude que tanta falta faz à humanidade, ajudando-me a participar dela’.

Este texto do livro Seja Feliz Hoje, de Divaldo Franco/Joana de Ângelis, me fez refletir sobre a amizade, a confiança de uma pessoa para outra. Muitas vezes confiamos em pessoas que depois se revelam verdadeiros ‘traíras’. Há tiranos em todas as esferas, pessoas de mau coração, que querem prejudicar outras, impedi-las de trabalhar, que fazem de tudo para prejudicar quando contrariadas. Mas o exemplo do Rei Dionísio, que de tirano se converteu em pessoa de bem, tocado pela demonstração de amizade de Pítias e Damon, nos dá a esperança. Mesmo pessoas que parecem más, que cometem traições, que querem, aparentemente, esmagar quem os contraria, podem mudar, se tornar boas.
Akino Maringá, colaborador

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