Fraternidade cósmica

cosmo

Por João Batista Leonardo:

Longe do barulho, movimento e luzes da cidade, em noite limpa, contemplar o céu e mergulhar na imensidão do espaço é penetrar no espetáculo do infinito. É bom saber que cada ponto luminoso, cada brilho celeste pode significar um sistema planetário, provavelmente maior que o solar. Saber que, todo o conjunto dos sistemas é pequeno diante do universo é, imergir a percepção na incógnita.

É poético embrenhar no espaço, voar entre as estrelas e imaginar o futuro vôo da alma, embalado no canto celestial. É romântico, é ilusório, por que não esperançar? Imersos no firmamento não participamos da imagem viva e em movimento da eternidade?
A Terra é um milhão e quinhentas mil vezes menor do que o Sol e dista dele, cento e cinquenta milhões de quilômetros. O Sol é estrela de quinta grandeza e o sistema solar é um pedacinho da Galáxia Via Láctea. A Via Láctea é pequeno espaço no universo composto por milhões de outras galáxias.
A Terra é um fragmento quase nada frente à imensidão e é enorme frente o corpo humano. Nós humanos, somos muito pequenos, insignificantes, incompetentes para limitar o cosmo, e o seu criador, porém temos o poder do livre arbítrio, unicamente humano que nos diferencia e nos engrandece sobre todo o conteúdo universal. É o supremo poder humano, o poder de decisão, é o que diferencia e engrandece o homem sobre todas as outras criaturas.
É ilusória a pretensão de, somente na terra, esse pedacinho de chão, num pequeno sistema, ser habitado por seres vivos e racionais, ante o universo, com possibilidades de incontáveis outros ambientes semelhantes. Por certo temos irmandades distribuídas no infinito, todas são filhas do mesmo princípio, parte do mesmo contingente. Se isto não bastasse para nos sensibilizar, serviria para avaliar nossa postura frente à criação.
O mundo científico, em muitos e sofisticados estudos, dá certeza de vidas em outras galáxias. Nos Estados Unidos, com a NASA e na Europa com outros projetos, já descobriram planetas habitáveis e similares à Terra, com possibilidade de vidas. Ainda sobram bilhões de planetas para serem investigados.
Se cientificamente estamos engatinhando na pesquisa de vidas no universo, busquemos subsídios na história da criação e sabedoria da fé. As principais religiões se manifestam, sobrenaturalmente, em todo universo e constantemente afirmam com certeza outras vidas espaciais. No Islamismo, já na abertura de todos os capítulos do Alcorão denominados Suratas, a revelação: “Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso, louvado seja Deus o senhor dos mundos”. Ainda no Alcorão (04:170) “Deus é único e a Ele pertence tudo o que está nos céus e tudo o que está na Terra”. Alá é categórico, senhor dos céus, dos mundos existentes no firmamento e da Terra. O próprio Cristo ao ensinar a oração maior do cristianismo, disse “Pater noster qui es in caelis (Pai nosso que estais nos céus, onde caelis em latim é plural de caelun)”. Do sermão da montanha “Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus”, ainda “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus”. Sem dúvida, vosso reino e vontade são para nós da Terra, para os do céu e para todos do infinito. E ainda disse: “Eu sou a luz do mundo”, quer dizer, eu sou o porquê e a razão para todos no infinito, não só para os da Terra. No evangelho apócrifo de Felipe, Pedro pergunta à Maria: o que Jesus lhe falou que os apóstolos não sabem? Aí Maria entre outras coisas, “Descreve a ascensão da alma e a sua passagem pelos diversos céus até a eternidade”.
Muitas são as afirmações religiosas de outros mundos, tornando difícil a crença em Deus sem a inerência de vidas e outros irmãos no infinito.
Ainda são tantas as afirmações de pessoas confiáveis que relatam visões de naves espaciais, sem falar nos relatórios de pilotos de aviões pelo mundo afora.
A confirmação estará no futuro, quando o homem navegar no cosmo e embrenhar-se noutras civilizações, noutros espaços ou, quando seres espaciais aportarem aqui na terrinha. Então a festa será grandiosa, porque devem ser bons, certamente são filhos do mesmo criador.
Até lá fica bonito, apesar das nossas limitações, meditarmos no brilho cósmico. Ainda mais quando um bloco de nuvens navegar na presença da Lua, iluminando a terra, num estado inspirador, tanto cantado por poetas em prosa e verso.
O futuro dirá.
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(*) João Batista Leonardo é médico em Maringá. Artigo originalmente publicado no Jornal do Povo.

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