Cocaína

Por João Batista Leonardo:

Cocaína é uma substância química extraída de uma planta chamada “Coca” (Eryhtroxylon coca). Planta muito comum no Peru, Bolívia e Colômbia.
Os índios andinos mascavam as folhas de coca, com a finalidade de vencer o cansaço, reanimar, matar a fome e sede, hábito mantido até hoje.

É muito comum nos países produtores de coca, mormente na Bolívia, ver nas ruas pessoas andando, mascando e sorvendo o sumo. As folhas são encontradas, em feiras livres da região, e vendidas abertamente. O hábito não é considerado droga porque efeito é bem discreto.
Como toda droga a cocaína vicia, não importando a forma do uso, dá tolerância, dependência e compulsão ao usuário. Na tolerância o organismo necessita cada vez de maior quantidade do pó. Na continuidade vem a dependência, quando o organismo passa necessitar a droga em seguida vem a compulsão que é a necessidade absoluta da droga. É quando o usuário afirma que a coca é mais importante que o sexo, amigos, família, trabalho e alimentação.
Os viciados usam-na em forma de pó, que é extraído da folha da planta em processo industrial. O pó é branco e cristalino, inodoro que é o Cloridrato. Ele pode ser inalado, ingerido, fumado e injetado. Na transformação química da folha em pó há uma fase intermediária chamada de pasta da coca (merla), que pode ser fumada juntamente com o fumo e maconha. O efeito é intenso porque a absorção é feita pelos pulmões.
O uso da cocaína, mais comum é sob a forma de pó em inalação, na chamada “cafungada”. O “pó” é colocado em carreirinha sobre uma superfície dura e lisa (espelho) e aspirado pelo o nariz, por meio de um tubo (canudo de papel, caneta esferográfica sem carga,). Poucos segundos após a aspiração, a pessoa experimenta uma sensação de adormecimento do nariz e depois uma reação no corpo tipo “friagem”, que dura alguns minutos. Em seguida começa uma sensação agradável, aumento da euforia, alegria, bem estar e sensação do aumento da energia. É o “voo” da droga, que dura cerca de duas horas. É chamado também, de barato e viagem. Para manter o efeito são necessárias novas cafungadas de tempo em tempo.
Também pode ser usada diluída em água, por via intravenosa, que é mais perigosa sendo mais usada por viciados experientes. É mais barata, pois necessita de menor quantidade do pó. O inconveniente é que as condições de higiene não sendo boas, podem ocorrer sérios problemas com as injeções, como infecções, transmissões de doenças, hepatites, Aids.
Após o efeito agradável surgem sensações desagradáveis que variam de indivíduo para indivíduo como: depressões, sonolência, irritação, angústia, efeitos psicóticos, aumento da temperatura, vômitos, tremores. Com o uso constante aparecem psicopatias como paranoias, alucinações, depressão severa, alterações dos sentidos e comportamento violento. Os meios de comunicação testemunham isso. Os acidentes no trânsito e no trabalho são comuns. A dose muito elevada e abusiva, usada numa única vez, ou em “coquetel” pode levar alterações cardiorrespiratórias com morte por asfixia (overdose).
Normalmente, o usuário de cocaína é de camada social mais elevada, em comparação aos usuários de maconha e do álcool, devido ao custo, porém a produção está farta e o preço está caindo, de modo que as camadas mais baixas estão também tendo acesso fácil. O pó da cocaína é o veículo mais importante para a produção do “Crack”, que é mais barato.
O tráfico está aí, milhares de toneladas de “pó” são levados de países para países, por meio de aviões, navios, automóveis e pessoas. Milhões de dólares e pessoas ditas importantes dançam nessa música. O combate é difícil.
O tratamento e a recuperação do viciado não são fáceis. É atendimento multidisciplinar envolvendo vários profissionais. Para um bom resultado é condição imprescindível que o viciado queira realmente deixar a droga. Para tanto, normalmente é a chance de uma nova vida, um amor, um emprego ou uma nova opção. E porque não Deus? Eu chamo particularmente isso de “O Motivo Maior”. Somente pela vontade dos pais e sem o “Motivo Maior”, acho a recuperação ser quase impossível. Aqui em Maringá o Pastor Nilton Tuller com seu Molivi já libertou tantos das drogas. O Marev (Maringá Recuperando Vidas), conveniado com o meu clube de Lions, está fazendo um grande trabalho na recuperação de dependentes químicos.
E no futuro como estarão a cocaína e as drogas? Desde 1990 faço um trabalho prevenção do uso junto ao Lions Clube e sempre afirmei que o problema iria piorar e piorou muito. Hoje a presença das drogas é pacífica junto à sociedade. Eu continuo afirmando que o uso da cocaína vai aumentar, apesar do crescimento espantoso das drogas sintéticas, que são de fácil uso, transporte e tráfico.
Para melhores informações veja meu livro “Drogas – Perguntas e Respostas”.
Você acha que o ser humano futuro será melhor do que o de hoje? Atingirá com facilidade o prazer de viver? Se você, como eu, não acreditar na melhora das pessoas e da sociedade, esteja certo que as drogas proliferarão.
Gostaria muito de pelo menos agora, estar enganado.
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(*) João Batista Leonardo é médico e escritor em Maringá. Texto publicado originalmente no Jornal do Povo. Ilustração: Opas

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