O Brasil e o tripé da maldade

Por Lutero de Paiva Pereira:

Crítica é melhor do que autocrítica, pois é muito menos dolorido julgar os outros do que a si mesmo. No entanto, tem hora que somente a autocrítica é capaz de evitar que os desastres continuem a acontecer. É

neste sentido que se mostra oportuno pensar sobre três coisas que atrapalham diretamente o desenvolvimento de um país, as quais estão ligadas diretamente ao povo e não propriamente aos políticos.
A primeira delas é ser um povo sonolento, que pelo próprio estado de hibernação se torna incapaz de ver a realidade como ela efetivamente se apresenta. Dormir, mesmo que em berço esplêndido, eternamente, não é vantagem alguma.
A segunda, igualmente danosa, é ser um povo não se cansa de continuamente falar mal do lugar onde vive, como se o maldizer fosse um instrumento útil para mudar as coisas que devem ser mudadas.
E, terceira, ser um povo que espera que os outros façam por ele o país que ele mesmo deve fazer para si. Sim, a terceirização neste caso não funciona, por quem quer, como diz a música, faz a hora e, também, o país.
Esse tripé da maldade, conforme visto, está impregnado na alma do povo e não na mente da classe política que, contrariamente a tudo isto, está acordada, vê o país com potencial de ser explorado e trabalha diretamente na construção do que lhe interessa.
A autodefesa burra que o povo exerce ao dizer que o problema está no político e não nele, faz com que as coisas continuem do jeito como sempre foram, numa retroalimentação do caos, pois o povo patrocina o mal que o aflige e faz chorar.
Para que tudo seja diferente do que é e sempre foi, é preciso que o tripé da maldade seja imediatamente erradicado da forma de pensar do brasileiro, sem o que o futuro não será diferente do passado.
Deste modo, em primeiro lugar o brasileiro precisa estar disposto a mudar sua mania de falar mal do Brasil, pois ninguém é capaz de gostar daquilo que acha ruim. Aliás, seria patológico alguém gostar daquilo que desgosta. Se o país for malvisto pelos próprios brasileiros, eles o entregarão nas mãos daqueles que o veem bem. E, convenhamos, o Brasil é rico em coisas boas, mesmo que o maldizentes, com tapa nos olhos, continuem a proclamar um estado de miséria total.
Em segundo lugar, o brasileiro precisa acordar para tomar pé da situação do seu país, saindo em busca de informações úteis para inteirar-se da realidade que o cerca, ao invés de se deleitar com as chamadas fake news (mensagens mentirosas ou montadas) que viralizam na internet.
Em terceiro lugar, o brasileiro deve por mãos à obra para mudar o país no qual vive, evitando terceirizar esta tarefa para a classe política que já vem provando, há muito tempo, que não se importa em construir um Brasil para bem-estar do povo.
É tempo de despertar, é tempo de trabalhar, é tempo de levar a sério a cidadania que se compõe do binômio direitos e deveres, embora muitos gostem de falar somente dos seus direitos.
Vale lembrar aqui apenas duas, dentre tantas, das famosas leis de Murphy, a primeira que garante que “se alguma coisa pode dar errado, dará” e, a segunda, que sustenta “que se há possibilidade de várias coisas darem errado, dará errado a que causar mais prejuízo”.
Ora, não há coisa que mais causa prejuízo ao país do que seu próprio povo, notadamente quando este não tem estima pelo seu país. O país continuará a dar errado, e o povo não terá direito de reclamar do que sobre ele vier, se continuar a se alimentar do tripé da maldade.
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(*) Lutero de Paiva Pereira – Advogado

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