O parlamentar e o revolucionário

Por Laércio Souto Maior:

Nelton Friedrich, secretário de Estado do governo José Richa nas áreas de Energia (Copel) — Meio Ambiente, Controle à Erosão, Saneamento e Habitação Popular, recebe em seu gabinete, João Eineck, nomeado por ele coordenador rstadual do Projeto das Hortas Comunitárias do Paraná. Vamos falar um pouco dessas duas figuras singulares.

O advogado NELTON FRIEDRICH foi deputado estadual e por duas vezes eleito pelos paranaenses deputado federal, cargo que honrou com seu brilho intelectual, competência, e idealismo político. Como membro da Assembléia Nacional Constituinte de 1988, apresentou 535 propostas, tendo 141 parcial ou integralmente acatadas. Pelo alto nível da sua atuação política no parlamento nacional foi considerado pelo conceituado Diap — Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar, nos seus dois mandatos, um dos melhores deputados federais do Brasil. Foi ainda diretor de Coordenação e Meio Ambiente da Itaipu Binacional, grangeando pelo seu magnífico trabalho prestígio nacional e internacional. Nelton Friedrich é filiado ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), de Leonel Brizola e Darci Ribeiro, que tem como presidente de honra a figura emblemática do capitão Luiz Carlos Prestes, o Cavaleiro da Esperança.
JOÃO EINECK, jovem dirigente comunista da cidade de Londrina, preso na Operação Marumbi (1975), foi com certeza um dos presos políticos mais cruelmente torturados naquele período triste da história do Brasil. Em consequência das torturas sofreu sequelas neurológicas que o atormentam até os dias de hoje. Abro um parêntese para dar um testemunho pessoal sobre a bravura desse extraordinário quadro do PCB prestista. Depois de ser duramente interrogado nos porões do DOI-Codi, fui transferido para ser novamente interrogado nas dependências da Delegacia de Ordem Política e Social (Dops). Ao chegar lá, fui colocado numa área onde se encontrava João Eineck e Antonio Elias Cecílio. João Eineck, que tinha acabado de enfrentar mais uma sessão de interrogatório e tortura, ao me avistar foi ao meu encontro, me abraçou e afirmou alto e bom som: “Aguente firme camarada, não fale nada. Não vamos dar esse prazer a esses filhos da puta!!”.
A coragem e valentia de João Eineck enfrentando os agentes da Polícia Política da Ditadura Militar (DOI-Codi e Dops), se tornou lendária na história dos revolucionários prestistas paranaenses.
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(*) Laércio Souto Maior é escritor, historiador e jornalista pernambucano, radicado em Curitiba-PR. Originalmente publicado no Medium.

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