Falha de comunicação

De Airton Resenda, diretor da RD Revista, de Santo André (SP):

Nessa guerra contra o vírus da febre amarela silvestre, que se alastra e aumenta o número de vítimas fatais, já temos uma grande vencedora: a desinformação.

Tal fato explica a baixa adesão de moradores à campanha estadual de vacinação, que se encerrou oficialmente no dia 17 de fevereiro na maioria dos municípios paulistas. Dias antes do fim das ações de imunização no ABC, apenas cerca de 700 mil pessoas tomaram as doses nas sete cidades, enquanto ameta do Estado era de 2,3 milhões para região.
A verdade é que as mentiras, displicência e informações falsas venceram essa guerra contra os mosquitos e podem ampliar o número de vítimas fatais. Parte do problema vem das letargias da Secretaria de Saúde do Estado e do Ministério da Saúde, que deveriam investir de forma mais pesada em publicidade para combater o medo da vacina contra a febre amarela. Pelas cidades paulistas, já houve 202casos de infecção confirmados, dentre eles, 76 mortes, conforme dados do governo estadual de 16 de fevereiro.
Um dia antes do encerramento da campanha estadual contra a doença, pouco mais de 3 milhões de pessoas sevacinaram nas 54 cidades englobadas nas ações, ante uma meta de 9,2 milhões. Portanto, apenas os 33,4% do público alvo foram imunizados. De forma similar ao Aedes aegypti, vetor da dengue, os mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes, restritamente de regiões de mata, também se propagam com maior facilidade no verão, por conta do calor, precipitação pluvial e acúmulo de água.
Portanto, seguiremos um ou dois meses sem campanha forte pela imunização do vírus, mas com a doença se alastrando e com potencial de fazer mais vítimas. Cenário esse que poderia ser outro, se a gravidade da febre amarel não fosse tão subestimada, como foi pelo ministro da Saúde, Ricardo Barros, ao dizer que o surto da infecção estava controlado em Minas Gerais, ao mesmo tempo em que mais óbitos ocorriam por lá e a doença se dirigia para Grande São Paulo pelo corredor verde.
As autoridades públicas demoraram para acordar, ignoraram alertas de epidemiologistas, infectologistas e das mortes. Segundo o Ministério, o Brasil registrou 464 casos de febre amarela e 154 óbitos entre 1º julho de 2017 e 16 de fevereiro deste ano.
Portanto, caro leitor, procure um médico, saiba mais e tome a vacina após consultar com quem sabe. Porque enquanto a vacina pode ter uma situação adversa grave em um entre 1 milhão, a febre amarela mata como se fosse cara ou coroa.

Boa leitura!

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