A base dividida

De Karlos Kohlbach, no Bem Paraná, prevendo a divisão da base de apoio do governador Beto Richa:

A afinidade do governador é maior com Ratinho do que com Cida – embora estejamos falando da vice-governadora. Se a decisão não tivesse tantos desdobramentos no xadrez político, Richa estaria com o deputado estadual.

Ratinho é jovem, obteve uma expressiva votação quando disputou a prefeitura de Curitiba em 2016 e detém uma penetração numa faixa eleitoral que Richa necessita para chegar ao Senado. No interior, Ratinho leva vantagem sob os adversários — tanto é que foi eleito o deputado estadual mais votado da Assembleia.
O pé de Beto está também na canoa de Cida por um motivo: Ricardo Barros (PP), ministro da Saúde. É ele quem de fato conduz a candidatura da mulher, Cida Borghetti. Barros tem atuado mais em Brasília do que no Paraná. É por lá que ele tem costurado com os partidos para compor uma ampla aliança para a chapa da mulher.
Barros sabe que a decisão do diretório nacional se sobrepõe sobre a estadual e por isso negocia com os caciques nacionais. Quer um exemplo? O PSB. Na segunda-feira que passou, a legenda se reuniu em Curitiba e a reunião foi para lá de tensa. Severino Araújo, presidente do PSB no Paraná, foi informado pelo diretório nacional que o partido está inclinado a apoiar uma candidatura do PMDB e, caso não haja candidato próprio, a segunda alternativa seria Osmar Dias.
Se a decisão vier “goela dentro”, de Brasília para o Paraná, assistiremos no início de abril a uma verdadeira debandada de lideranças do partido como os deputados Luiz Cláudio Romanelli, Alexandre Curi, Thiago Amaral, Artagão Júnior, Stephanes Júnior, entre outros. O partido minguaria de votos no Paraná, mas garantiria o tempo de televisão – seja para o PMDB ou Osmar. O PSB paranaense tem pouco mais de um mês para demover a ideia do diretório nacional. Vencida esta etapa vem outra dúvida: PSB iria com Ratinho ou Cida?
O exemplo do PSB é uma realidade em quase todos os outros partidos. As costuras nacionais quase sempre são incompatíveis com o cenário estadual. Cabe a Ratinho e Cida conquistar os partidos da enorme base aliada do governador Beto Richa. A tendência é que a base rache e se divida entre os dois candidatos. Se apenas um deles passar para um eventual segundo turno, a base se une novamente, seja em prol de Ratinho, seja na missão de eleger Cida governadora. Há emissários dos dois lados que tentam, como última cartada, uma aliança entre Ratinho e Cida – o que seria o mundo ideal para Beto Richa. Mas o entendimento é considerado muito improvável.

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