Budismo

Por João Batista Leonardo:

Detalhar qualquer religião num espaço pequeno como o que tenho é impossível. Então hoje, sobre o Budismo, vou falar suscintamente. O Budismo, embora seja uma religião, muitos o consideram um sistema ético, religioso e filosófico, fundamentado nos ensinamentos de Siddhartha Gautama, mais conhecido como BUDA. É a religião oficial do Japão juntamente com o Xintoísmo.

É religião panteísta, porque entende a Natureza e o Universo como divindades, não crê na existência de um Deus único. Prega que todo o universo e que tudo que existe é manifestação divina.
Buda desenvolveu sua doutrina há mais de quinhentos anos antes de Cristo, objetivando ajudar todas as almas alcançar o NIRVANA. O Nirvana é o estado sem sofrimento, sítio da bem-aventurança, onde não há dor e trevas, somente alegrias.
Siddhartha Gautama, o primeiro Buda, nasceu no Nepal, por volta dos anos 563 antes de Cristo, filho da rainha Maya, portanto era um príncipe. Casou-se com uma princesa e vivia uma vida opulenta e prazerosa palaciana. Aos 29 anos teve seu único filho chamado Rahula.
Apesar de sua vida principesca, era um homem preocupado com o sofrimento humano. Fez pesquisas da vida e do povo fora do palácio real que o levaram a abandonar a vida da realeza e, buscar uma vida mais simples e mais espiritualizada. Abdicou da realeza e tornou-se monge pobre e mendicante. Na busca da espiritualidade e libertação dos atrativos materiais lançou-se por vários caminhos, até a autoflagelação. Depois concentrou-se na meditação. Por volta dos 35 anos de idade, Siddhartha, já na Índia, habitou embaixo de árvores, e decidiu ficar aí até conseguir um estado superior. Ali viveu pobremente, sofreu tentação demoníaca, fez penitências e sacrifícios que o levaram à inanição. Nada o desanimou e após tempos percebeu a iluminação e se transformou no Buda.
Com muita força espiritual, conquistou seguidores e passaria sua vida ensinando sua doutrina, denominada de: DHARMA. Seria os direitos e deveres de cada um na vivência. Nas pregações, como fez Jesus Cristo, usou parábolas para salvar todos os humanos, durante 45 anos. Nunca se identificou como Deus e faleceu na Índia com 80 anos de idade, no ano de 483 antes de Cristo.
O Budismo crê no renascimento das almas, para atingirem o Nirvana e o conjunto dos renascimentos recebe o nome de “SAMSARA”. Aqueles que nos renascimentos tiverem CARMA bom, que é o conjunto das ações, se libertam do Samsara e atingem o Nirvana.
Isso quer dizer que, no final dos renascimentos, todas as almas irão para o Nirvana e que não existe purgatório ou inferno.
As escrituras Sagradas canônicas do Budismo são chamadas de “SUTRA”. No Brasil pode-se encontrar entre outros, o livro “A Doutrina de Buda”, o qual já li e onde aprendi.
Os ensinamentos deixados por Buda são denominados de: As Quatro Nobres Verdades. São elas:
Primeira – A vida como vivemos é de sofrimentos e mal-estar de várias formas.
Segunda – Todo sofrimento é causado pelo desejo que busca ilusões.
Terceira – O sofrimento acaba quando termina o desejo, conseguido por meio da eliminação da ilusão.
Quarta – O fim do sofrimento é conquistado seguindo os oito caminhos ensinados por Buda, contidos na:
Vivência Correta: 1ª- da visão; 2ª- do pensamento; 3ª- do meio de vida; 4ª- da fala; 5ª- do comportamento; 6ª- do empenho; 7ª- da atenção e 8ª- da espiritualidade. Prega ainda os preceitos: não lutará contra o mundo, não matará, não roubará, não cometerá adultério, não trapaceará, não invejará, não se esquecerá da transitoriedade da vida, não será injusto e não usará drogas.
Portanto, o Budismo é taxativo: todo sofrimento humano está nos desejos do corpo físico, na cobiça e nas ilusões das paixões mundanas.
Os rituais budistas são baseados nas orações, na recitação dos Mantras, e na meditação. Para tanto, usam rosário com 108 contas, sino, água, rodas da prece, entre outros. Geralmente os monges e monjas comandam os rituais nos templos.


Roda da prece – Símbolo do Budismo

Os Mantras budistas são formas de orações. Podem ser qualquer sonoridade, sílaba, palavra, frase ou texto, em forma de sons musicados repetitivos. Têm o poder específico seja para meditar, concentrar e aumentar a fé.
O mantra mais entoado pelos budistas chama- se: OM MA NI PAD ME HUM; é composto por seis sílabas entoadas e com significado:
Om – fecha a porta para o sofrimento do orgulho.
Ma – fecha a porta para o sofrimento da inveja.
Ni – fecha a porta para o sofrimento do desejo.
Pad – fecha a porta para o sofrimento da ignorância.
Me- fecha a porta para o sofrimento da ganância.
Hum – fecha a porta para o sofrimento da raiva ou do ódio.
Eu, particularmente ouço com frequência no YouTube o Mantra acima e gosto, acalma e me faz muito bem.
O Budismo evoluiu em várias fontes doutrinárias, sendo a quinta maior religião do mundo, em torno de 500 milhões de adeptos. No Brasil calcula-se a existência cerca de 400 mil budistas.
Para o Budismo o caminho ideal para se chegar à perfeição é a vida monástica. Os monges e monjas vivem isolados nos monastérios e nos templos e, de quando em quando, saem para entrar em contato com a sociedade. Eles têm a cabeça raspada, manto de cor laranja e uma tigela pendurada no braço para pedir esmolas, a exemplo do próprio Buda.
Pessoalmente tive a oportunidade de conhecer alguns monges e monjas na Tailândia, Taiwan, e no Japão; são muito cordiais, são convictos na fé, têm semblante pacífico e esbanjam humildade.
O Budismo acredita na existência de anjos, chamados de Devas e definidos como “Seres Brilhantes”.
A doutrina budista afirma a presença de Buda em todos os lugares porém, se concentra no Nirvana, um lugar para onde irão todos que atingirem a iluminação e os que tiveram fé, mesmo passageira em Buda.
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(*) João Batista Leonardo é médico e escritor em Maringá. Publicado originalmente no Jornal do Povo.

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