O primeiro governo de Beto Richa foi ruim. Mas o segundo foi muito pior

Por Rogerio Galindo, na Gazeta do Povo:

Beto Richa terminou seu primeiro governo com uma frase na ponta da língua: “O melhor está por vir”. Não é difícil entender o motivo da promessa.

É que os quatro anos do primeiro mandato não tinham sido lá grande coisa da população. Mas, dizia Beto, era fácil explicar.
E a explicação era a de sempre. Ele pegou um governo quebrado. Recebeu uma herança maldita. Tudo estava um horror – usou todas as desculpas do manual. Mas no segundo mandato? Ah, tudo seria diferente porque agora, dizia ele, estamos com a casa em ordem!
Aparentemente Beto tinha crédito com a população, ou pode ser que simplesmente detestasse as duas alternativas que lhe foram apresentadas – Requião e Gleisi. Fato é que o governador, com 17 partidos e mais de 600 candidatos a deputado a seu lado, levou as eleição com a mão nas costas.
Mas logo em seguida ficou claro que o buraco era bem mais embaixo. O primeiro mandato não tinha sido apenas de falta de obras e realizações, como se imaginava. Tinha sido também um período de gastança desmedida, de quebradeira geral das contas públicas.

Caos
Assim que se reelegeu, Richa deixou claro que o Paraná cenográfico da campanha tinha de ser desmontado. Chamou um secretário da Fazenda encarregado de fazer a Derrama, agora tucanada com o apelidinho simpático de “ajuste fiscal”. Aumentou IPVA, ICMS, taxou aposentados.
Mesmo assim, a coisa era feia. Para pagar o décimo terceiro, o governador do “melhor está por vir “quase teve de vender sua meia dúzia de livros (ainda em bom estado, nenhum sinal de que tenham sido lidos) para um sebo. “Estamos contando os centavos”, disse Mauro Ricardo, que chegou admitindo a irresponsabilidade que corria solta no Paraná.
O início do segundo mandato de Beto Richa entrará para a história como um dos piores momentos que um governante já proporcionou aos paranaenses. Na primeira semana de funcionamento do Legislativo, Beto e seu secretário da segurança enfiaram 33 deputados num camburão para aprovar a “reforma previdenciária” – um eufemismo para dizer que o governo passaria a retirar R$ 135 milhões por mês da poupança destinada a pagar os aposentados.
Para o folclore político foi uma maravilha. Vimos Francischini fugindo de um aposentado e se escondendo atrás dos PMs. Houve relatos curiosos do que aconteceu dentro do camburão. E o governo acabou tendo de admitir que o pior estaria por vir caso mantivesse a proposta. Acuados num restaurante, com o plenário já tomado, os deputados apelaram a Richa que tivesse piedade de suas almas, e o povo viu as medidas irem por água abaixo. Leia mais.

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