Lula, um ‘mártir’…

…mas não martirizado. A palavra mártir significa pessoa que foi submetida a torturas, a sacrifícios ou à morte por um ideal.

A prisão de Lula talvez seja um ‘sacrifício’ que servirá para que o STF não reveja a legalidade das prisões após sentença de segunda instância, que tudo levava a crer e pela qual ministros como Gilmar Mendes, Marco Aurélio, sobretudo e com mais discrição, Dias Tóffoli, Celso de Melo, lutam bravamente. Uns por convicção mesmo, como Celso de Melo e Rosa Weber, outros, nem tanto, sobre os quais tenho dúvidas se não é pela possibilidade de pessoas com quem têm relacionamentos (Aécio, Temer e outros) serem ‘ vítimas’ da regra.
Também serve para mostrar, e talvez daqui para frente se olhe com mais cuidados a infinidade de recursos que são apresentados, como embargos, dos embargos, dos embargos, de declaração, declaração…
Serve, ainda, a prisão de Lula, para mostrar que qualquer um pode ser preso. Que Aécio, Serra, Renan, Sarney (porteira que passa um boi, pode passar uma boiada).
Neste sentido é que entendo que Lula pode virar um mártir, mas está longe de estar sendo martirizado, como foi Tiradentes, por exemplo. (Não vou citar Jesus Cristo, para não gerar reações raivosas, mas bem que alguns poderão pensar) Se Jesus, com sua morte salvou a humanidade de pecados, Lula, pode, com sua prisão, ser o motivo para que a ministra Rosa Weber não vote pelo fim das prisões de condenados em segunda instância, como quer o ministro Marco Aurélio, já colocando palavras em sua boca. Pode desnudar a infinidade e recursos meramente protelatórios e mais que tudo pode mostrar que seria injusto libertá-lo e deixar milhares de outros condenados, na mesma situação, outros que nem julgado foram, pois ficariam muito difícil para ministros dos STF falarem que todos são iguais perante a lei, se não libertassem todos os presos, ou quase todos, os condenados, o que seria inviável.
Sobre a prisão propriamente dita, não torci, não fico contente com ela, pelo contrário tenho pena do ser humano, que por seus erros se meteu nessa confusão, diria eu. Não sou ninguém para expressar um julgamento, se culpado ou inocente (intimamente tenho minha opinião), mas não é hora de tripudiar. A lei do retorno ou de causa e efeito, ação e reação, como queiram, é inviolável. Todos responderemos pelos nossos atos. Lula está colhendo o plantou, penso. Todos colheremos.
Akino Maringá, colaborador

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