Roberto Bertholdo, nova eminência parda no Palácio Iguaçu

De Celso Nascimento:

Circula com desenvoltura pelos principais gabinetes do Palácio Iguaçu o advogado Roberto Bertholdo, com postura de quem mantém antigas e estreitas ligações com a família Barros, que agora comanda o governo do estado, e já é tido como a mais nova eminência parda do Centro Cívico.

Compreende-se: Bertholdo sempre manteve ligações com o falecido deputado José Janene, que por anos liderou (às claras ou nos bastidores) o PP nacional e paranaense – posição que depois passou a ser ocupada com mais competência e equilíbrio por Ricardo Barros.
Bertholdo tem muitas histórias que ganharam o noticiário anos atrás: primeiro, como operador do ex-deputado José Borba quando este exercia a liderança do PMDB na Câmara Federal. Depois, quando ocupou por algum tempo cargo de conselheiro da Itaipu e, principalmente, quando foi condenado a sete anos de prisão por ter grampeado o telefone do juiz Sergio Moro, que conduzia julgamentos no âmbito da Operação Banestado.

De Ruth Bolognese:

Ao circular com desenvoltura pelo Palácio Iguaçu no governo da família Barros, o advogado Roberto Bertholdo mostra a cara depois de anos e anos atuando nos bastidores da política. Depois do ano que passou preso na sede da Polícia Federal, quando ainda era no Alto da Glória – forrou a cela com lençóis brancos de fio egípcio, cor preferencial dele – fundou o “Jornale” primeira experiência da imprensa paranaense na internet e teve bons jornalistas a seu serviço. O objetivo final do investimento em comunicação era limpar a barra das acusações e condenações que teve e recomeçar a vida.
Há muito tempo se sabe que Roberto Bertholdo convive e trabalha com a família Barros, sem alardes. Pode se considerar um privilegiado, entre aspas, por ter sido condenado por corrupção, obstrução de justiça e outros delitos ao gravar o juiz Sérgio Moro, numa época em que o termo Lava Jato era isso mesmo.
No trato pessoal, Bertholdo é um interlocutor sedutor, conhece como ninguém o funcionamento da deep política, o lado obscuro das tramoias parlamentares e executivas, sempre cultuou a imagem de advogado misterioso, guardador de segredos inconfessáveis. Trata-se do melhor perfil do País para se tornar uma eminência parda de qualquer governo.

Da revista IstoÉ, julho de 2006:

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